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'A inflação só volta para mais perto da meta em 2023'

O economista Armando Castelar, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz acreditar que a inflação deverá voltar para a meta só em 2023. Isso se o Banco Central (BC) persistir na política monetár

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 23.09.2021, 17:00:00 Editado em 23.09.2021, 17:08:56
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O economista Armando Castelar, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz acreditar que a inflação deverá voltar para a meta só em 2023. Isso se o Banco Central (BC) persistir na política monetária restritiva. Ele considera equivocada a discussão que existe hoje de fazer uma convergência mais lenta para a meta, criando metas intermediárias. "Mudar a meta no lugar de tentar chegar perto dela reduz a credibilidade do BC." A seguir, os principais trechos da entrevista.

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O que acha da decisão do BC de subir gradualmente a Selic?

Acho que ele está correto de não ficar alterando ao sabor dos dados, porque acaba criando ansiedade muito grande, o que é ruim para economia. Subir um ponto porcentual é um bocado de coisa. Não custa lembrar que, no início do ano, o BC surpreendeu ao aumentar 0,75 ponto, quando mercado esperava 0,5 ponto.

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Com essa estratégia o BC vai conseguir segurar a inflação e trazê-la para meta em 2022?

Trazer para meta, não. Segurar, sim. Neste ano, a inflação deve fechar em 9%. Em 2022, possivelmente vai fechar mais perto de 5%, do que de 3,5% (o centro da meta).

Quais são os riscos inflacionários, no momento, para 2022?

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A força maior da inflação de 2022 virá dos preços dos serviços, que tiveram uma inflação muito baixa neste ano por causa da pandemia. Com a normalização das atividade, as pessoas voltaram a frequentar restaurantes, viajar e os preços sobem. A inflação de serviços é 35% do IPCA. Há também uma indexação grande e parte da pressão inflacionária do ano que vem virá dessa indexação. O quadro mais otimista para inflação poderá vir do preço da energia elétrica. A energia vai terminar o ano num patamar muito alto por conta da tarifa extra criada em agosto e prevista para acabar no final de abril. Se tivermos chuvas e a tarifa acabar, poderemos ter um impacto negativo da energia no IPCA de 2022. O outro ponto é o preço dos alimentos, que pode dar uma contribuição relevante, com aumento da oferta. Mas historicamente, a inflação não costuma cair de um patamar de 10% agora em setembro e 9% no final do ano para uma coisa tão significativa de 4%, como prevê a mediana do Boletim Focus do BC em 2022. Seria surpreendente se isso acontecesse. É bom lembrar que o ano que vem tem eleição, e o câmbio pode oscilar.

O mercado está equivocado?

Está muito otimista. A inflação de 2022 está mais para 5% do que para 4%.

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Quando voltamos para a meta?

Se persistirmos com a política monetária com juros restritivos acima do juro neutro, poderemos trazer a inflação para perto da meta em 2023.

Há um debate de que se poderia ter uma convergência mais lenta, criando metas intermediárias. Qual é sua opinião?

Isso aconteceu em 2016, quando Ilan Goldfajn assumiu o BC. Ele explicitamente se recusou a fazer isso e conseguiu que as expectativas convergissem mais rapidamente para a meta. Essa é uma lição importante que está sendo esquecida agora. Mudar a meta no lugar de tentar chegar perto dela reduz a credibilidade do BC. Hoje tem gente defendendo essa posição, e acho equivocada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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