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O direito proíbe o preconceito, não acaba com ele, diz presidente do STF

MARIO CESAR CARVALHO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "O direito não acaba com o preconceito. O direito proíbe o preconceito." A frase é da ministra Cármen Lúcia referindo-se ao artigo da Constituição de 1988 que frisou que homens e mulheres possuem direitos

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 13.03.2018, 20:00:00 Editado em 13.03.2018, 20:00:08
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MARIO CESAR CARVALHO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "O direito não acaba com o preconceito. O direito proíbe o preconceito." A frase é da ministra Cármen Lúcia referindo-se ao artigo da Constituição de 1988 que frisou que homens e mulheres possuem direitos iguais. Cármen foi a primeira mulher a comandar um processo eleitoral quando, em 2012, assumiu como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Desde 2016, é a segunda mulher a presidir o STF (Supremo Tribunal Federal), depois de Ellen Gracie, que ocupou o posto entre 2006 e 2008.

Pioneira em frentes importantes do judiciário, ela recomendou realismo com a questão durante o evento "Mulheres no Poder - A questão de gênero na Justiça brasileira", promovido pela Folha de S.Paulo na capital paulista.

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Também participaram do debate a ministra-chefe da AGU (Advocacia Geral da União) Grace Mendonça e a ministra do Supremo Tribunal Militar Maria Elizabeth Rocha. O evento foi mediado por Maria Cristina Frias, colunista da Folha de S.Paulo.

A ministra lembrou um episódio em que foi alvo de preconceito machista. Em 1982, quando foi fazer a prova de sustentação oral para o cargo de procuradora, o examinador lhe disse a seguinte frase antes da apresentação, segundo ela: "Se [você] for igual aos homens, eu aviso que nós preferimos procurador homem".

Atualmente, segundo ela, o preconceito persiste de forma mais dissimulada: "Falam: porque a mulher é muito mais mão pesada". Para ela, é uma forma preconceituosa de tratar as juízas, já que mulher, segundo ela, não tem mais ou menos rigor do que os juízes, já que ambos decidem a partir dos autos.

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No Conselho Nacional de Justiça, órgão que preside, ela diz que decidiu instituir prazos mais rápidos para casos de mortes de mulheres que foram assassinadas por questões de gênero, o feminicídio. "A dor não tem fase processual. É preciso dar fim ao velório dessa pessoa que sofreu."

DISTANCIAMENTO

Grace Mendonça, da AGU, disse que ainda há "um distanciamento muito grande" entre a igualdade prevista na Constituição e a realidade.

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"Esse processo de inserção é extremamente complicado, extremamente difícil", disse Mendonça, a primeira mulher a assumir oficialmente o cargo de advogada-geral.

A ministra-chefe, no entanto, também coloca na mulher parte da responsabilidade sobre a ocupação do espaço no mercado de trabalho.

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"Muitas vezes a própria mulher estabelece limites, porque a dificuldade de ir adiante é tão intensa, tão grande, que muitas vezes ela pisa no freio e fala: 'O espaço não é para mim'", afirmou. "Às vezes é preciso ter um pouco de ousadia, de tentar trabalhar para que algum espaço seja aberto para as mulheres em postos mais elevados".

MUITO TEMPO

A integração das mulheres às Forças Armadas tem sido tarefa árdua e, mantido o ritmo atual, só ocorrerá de modo pleno em três décadas, "um tempo longo demais", segundo a ministra do STM (Superior Tribunal Militar) Maria Elizabeth Rocha.

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Ela foi a primeira e única mulher a presidir entre 2014 e 2015 a corte superior militar, órgão criado em 1808.

A ministra afirmou que há conquistas, dando como exemplo o percentual de magistradas na Justiça Federal (25%) e na Justiça comum (40%). "Mas a Justiça militar vai levar um certo tempo."

Mesmo o avanço obtido nas primeiras instâncias, ainda não se refletiu nos tribunais superiores, em que há 15 ministras e 78 ministros.

A distribuição, segundo ela, indica que, quando a escolha é política, o processo se afunila e as mulheres são preteridas por serem mulheres.

Rocha se disse "amplamente" a favor da política de cotas. "O Estado absenteísta e que propõe uma neutralidade não é a melhor opção. Fatores como gênero e etnia são importantes na condução das políticas públicas."

Para a ministra, o Estado tem que levar em conta exclusões atávicas sofridas por segmentos da população. "A exclusão é invisível, perversa e é cruel. A atuação do poder público favorável à igualdade tem o condão de, pedagogicamente, orientar a iniciativa privada para que adote condutas semelhantes."

Na política, a ministra disse "ir além" ao se colocar a favor de cotas para cadeiras no Senado e na Câmara, e não apenas para partidos.

A situação atual, para ela, tem se revelado uma fraude, já que mulheres são usadas só para cumprir a lei.

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