RAQUEL LANDIM
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente da BRF Pedro Faria foi solto nesta sexta-feira (9). Ele estava preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, desde segunda-feira (5).
Faria é acusado pela Operação Trapaça, desdobramento da Carne Fraca, de encobrir fraudes em amostras laboratoriais de produtos da empresa.
O juiz federal André Wasilewski Duszczak decidiu não prorrogar a prisão temporária, que expirou nesta sexta, porque o executivo está fora do comando da empresa e, portanto, não poderia atrapalhar as investigações.
Em dezembro de 2017, Faria deixou a presidência global da BRF, resultado da fusão de Sadia e Perdigão. Ele ocupava o cargo desde o fim de 2014. Faria é sócio do fundo de investimentos Tarpon, um dos principais acionistas da gigante de alimentos.
Também foram soltos nesta sexta os outros nove funcionários e ex-funcionários da BRF que haviam sido presos, incluindo o ex-vice-presidente de suprimentos da campanhia Hélio Rubens Mendes dos Santos Junior.
Para o criminalista Aloísio de Medeiros, advogado de Faria, a opção pela prisão na Operação Trapaça só foi adotada pela PF e pelo Ministério Público por causa da proibição de excesso de conduções coercitivas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"As conduções coercitivas vinham sendo abusivamente usadas nas operações e agora adotaram a prisão como se a segregação de liberdade fosse colírio", afirmou o advogado do executivo.
Faria foi detido por causa de um email que enviou a três vice-presidentes, depois de saber da ação trabalhista de uma ex-funcionária, que acusava a empresa de obrigá-la a adulterar os resultados de testes laboratoriais na planta de Rio Verde (GO).
No email, o executivo escreveu: "Isso é um absurdo! Nós sempre tomamos bucha nos mesmos lugares. Hélio, por favor, avalie algo drástico por lá".
Para o Ministério Público Federal, a mensagem de Faria demonstrava que "as fraudes eram reiteradas" na BRF e o então presidente estava pedindo ao líder do setor de suprimentos que "encobrisse o delito".
Em seu depoimento, o executivo afirmou, no entanto, que estava solicitando "remoção, demissão e outras medidas disciplinares" contra os funcionários responsáveis pela fraude. Por isso, ele teria pedido "medidas drásticas" na unidade de Goiás.
Faria disse também que a denúncia da ex-funcionária foi a "gota d'água" de vários problemas enfrentados na unidade de Rio Verde, como ações trabalhistas e reclamações de clientes.
Segundo a Operação Trapaça, a BRF adulterava laudos laboratoriais para impedir a identificação da bactéria salmonela nos produtos.
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