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BRF perde R$ 5 bilhões em valor de mercado após nova fase da Carne Fraca

DANIELLE BRANT SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A BRF perdeu R$ 5 bilhões em valor de mercado nesta segunda-feira (5) depois que a Polícia Federal deflagrou nova fase da Operação Carne Fraca e prendeu Pedro de Andrade Faria, ex-presidente da empresa, a maior

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 05.03.2018, 19:05:00 Editado em 05.03.2018, 19:05:15
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DANIELLE BRANT

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A BRF perdeu R$ 5 bilhões em valor de mercado nesta segunda-feira (5) depois que a Polícia Federal deflagrou nova fase da Operação Carne Fraca e prendeu Pedro de Andrade Faria, ex-presidente da empresa, a maior processadora de alimentos do país.

Os papéis recuaram 19,74%, para R$ 24,75. Isso equivale a uma perda de R$ 4,95 bilhões em valor de mercado ante sexta-feira. A Bolsa brasileira fechou em leve alta de 0,30%, para 86.022 pontos.

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Por contágio, as ações da JBS recuaram 5%, para R$ 9,50. A Marfrig teve queda de 0,95%, para R$ 6,26. E a Minerva, fora do Ibovespa, caiu 0,43%, para R$ 9,30. Somadas, todas as empresas perderam R$ 6,4 bilhões em valor de mercado nesta sessão.

A forte queda nas ações da BRF ocorreu após Faria ser preso pela PF em investigação que apura que setores de análises do grupo e cinco laboratórios credenciados junto ao Ministério da Agricultura fraudavam resultados de exames em amostras do processo industrial, informando dados fictícios ao Serviço de Inspeção Federal (SIF/Mapa).

Segundo a Polícia Federal, o ex-presidente teria tentado acobertar as fraudes, reveladas na petição inicial da ação trabalhista de uma ex-funcionária do grupo. As fraudes tinham como finalidade burlar o Serviço de Inspeção Federal, impedindo que o Ministério da Agricultura fiscalizasse com eficácia a qualidade do processo industrial da BRF.

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Em comunicado, a empresa diz que segue normas e regulamentos brasileiros e internacionais referentes à produção e comercialização de seus produtos.

"Com base nos documentos disponíveis, a BRF entende que nenhuma das frentes de investigação da Polícia Federal diz respeito a algo que possa causar dano à saúde pública".

Além da Carne Fraca, a BRF está mergulhada em uma crise provocada pelo processo de reestruturação societária. Nesta segunda, o Conselho de Administração da empresa se reuniu, não discutiu a prisão do ex-presidente e marcou novo encontro para decidir sobre a troca no órgão. A tendência é de que Abilio Diniz seja removido da presidência do colegiado e substituído por Augusto Marques da Cruz Filho, um desafeto do empresário.

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A empresa registrou prejuízo líquido de R$ 784 milhões no quarto trimestre, uma piora em relação ao resultado negativo de R$ 442 milhões registrado um ano antes.

"A BRF é uma empresa que está passando por uma reestruturação e que tentou um movimento de corte de custo agressivo e foco na marca que não deu certo. Toda mudança de gestão que foi tentada não funcionou", diz Phillip Soares, analista da Ativa Investimentos.

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"Houve uma tentativa de produtos grandes decolarem que não deu a rentabilidade esperada. Além disso, o corte de custos fragilizou a base operacional da empresa. Foram demitidas muitas pessoas, incluindo algumas consideradas importantes em termos operacionais", complementa.

Adeodato Netto, estrategista da Eleven Financial, tem avaliação parecida. "Eles perderam a mão, entregaram os mercados em que tinham posição positiva e perderam onde tinham menos posição", diz.

"Foi uma sequência de decisões equivocadas de médio prazo, de estratégia da companhia, que só podia culminar em perda de resultado. A gente não imaginava um prejuízo do tamanho que aconteceu", ressalta.

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Para Carlos Soares, analista da Magliano Invest, a queda também refletiu o temor de que ocorra o mesmo que aconteceu no ano passado, na primeira fase da Carne Fraca.

Muitos países, em resposta às investigações que envolveram suspeita de corrupção, crime contra a ordem econômica e falsificação de produtos alimentícios, estabeleceram embargo à importação da carne brasileira.

"Há um componente de incerteza com a consequência das denúncias em relação a possíveis embargos. Isso penaliza o setor como um todo. O mercado tenta precificar esse impacto nas empresas, buscando saber quais serão os embargos, quanto terá de impacto nas vendas, quais serão os países a estabelecerem embargo", ressalta.

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AÇÕES

Apesar da pressão das processadoras de alimentos, o Ibovespa conseguiu fechar no azul, com ajuda de Petrobras e de bancos.

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Das 64 ações do índice, 31 subiram, 31 caíram e duas fecharam estáveis.

As ações da Petrobras lideraram as altas, com a recuperação dos preços do petróleo. Os papéis preferenciais da estatal subiram 2,84%, para R$ 22,12. As ações ordinárias avançaram 2,85%, para R$ 23,84. Ambas lideraram as altas do Ibovespa nesta sessão.

A Itausa subiu 2,68%, e a Kroton teve valorização de 2,48%.

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Além de BRF e JBS, a Smiles também liderou as quedas do Ibovespa, com recuo de 3,58%. A Magazine Luiza caiu 2,63%, e a Natura se desvalorizou 2,28%.

A mineradora Vale teve leve queda de 0,11%, para R$ 43,70.

As siderúrgicas tiveram desempenho misto. A Gerdau subiu 1,01%, enquanto a Metalúrgica Gerdau avançou 1,41%. Por outro lado, a CSN caiu 1,41%, e a Usiminas teve baixa de 1,76%.

"É um setor volátil. Agora, está sendo separado o joio do trigo. Tem a Gerdau, uma companhia naturalmente com fundamento melhor, mais resiliente. A CSN é mais frágil, e a Usiminas pode se tornar consistente se, de fato, as perspectivas de solução de conflito entre os sócios forem materializadas", avalia Adeodato Netto, estrategista da Eleven Financial.

No setor bancário, o Itaú Unibanco subiu 1,42%. As ações preferenciais do Bradesco avançaram 0,66%, e as ordinárias se valorizaram 1,36%. O Banco do Brasil ganhou 0,83%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil tiveram alta de 0,55%.

CÂMBIO

O dólar fechou em leve baixa nesta segunda. O dólar comercial recuou 0,06%, para R$ 3,249. O dólar à vista, que fecha mais cedo, caiu 0,16%, para R$ 3,251.

O dólar perdeu força ante 17 das 31 principais moedas do mundo.

O Banco Central brasileiro ainda não anunciou intervenção para o mercado cambial nesta segunda-feira. Em abril, vencem US$ 9,029 bilhões em swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro).

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) caiu 2,73%, para 153,2 pontos, no segundo dia de queda.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram queda. O DI para abril deste ano caiu de 6,594% para 6,578%. O DI para janeiro de 2019 caiu de 6,515% para 6,470%.

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