ROBERTO DIAS
BARCELONA, BARCELONA (FOLHAPRESS) - A convergência entre conteúdo e tecnologia chegou a tal ponto que há quem diga que não existe mais linha nenhuma a separar um lado e outro. É o caso de Mark Britt, CEO da iflix, uma espécie de Netflix dos países emergentes. Criado em 2014 na Malásia, o serviço se expandiu pelo Sudeste Asiático e pelo Oriente Médio, somando mais de 6 milhões de assinantes.
As páginas de interação com o usuário, editadas inteiramente por algoritmos, são prova disso, afirma ele. O que não quer dizer que a curadoria esteja congelada pela matemática mas também a evolução dela está submetida aos números da audiência. Faço e aprendo, faço e aprendo, afirmou Britt durante o Mobile World Congress, principal feira do setor de telecomunicações, que ocorre nesta semana em Barcelona.
A seu lado, um executivo do Facebook foi um pouco mais cauteloso. Tanto a produção tradicional de conteúdo quanto os algoritmos são importantes no que é entregue para o consumidor, defendeu Jason Juma Rossa, diretor de estratégia de tecnologia e telecomunicações da empresa para a Ásia. É como querer fazer uma distinção entre parte direita e parte esquerda do cérebro, afirmou.
A discussão atravessou mais de um debate no evento. Em uma mesa nesta terça (27), o diretor do Story[X], o laboratório de inovação do jornal The New York Times, disse que a fusão já é realidade. Não há uma diferença clara entre máquinas e pessoas, afirmou Marc Lavallee. Eu recebo uma mensagem de um robô, e isso pode ser uma máquina, ou ao menos parcialmente uma máquina. Nós [o NYT] somos cada vez mais uma empresa de tecnologia.
Dois exemplos vistos na feira são ilustrativos dessa mistura entre conteúdo e tecnologia sem que necessariamente a segunda tome o lugar do primeiro.
Um deles é o da BT, antigamente conhecida como British Telecom, operadora inglesa de telefonia.
Há cinco anos, a empresa criou a BT Sport, uma divisão para competir no mercado de compra de direitos de transmissão de eventos esportivos, área em que os investimentos precisam ser robustos.
Por que isso? Porque o que dirige tudo é o conteúdo, diz Andrew Haworth, diretor de estratégia e consumo da BT Sport. O esporte está transformando a marca da BT. É um benefício que não existe quando provemos banda larga.
Outro é o da Jukin Media, empresa de Los Angeles que se especializou em descobrir vídeos que estão a ponto de viralizar, como definiu a diretora Jean Coffey.
Para isso, a empresa desenvolveu técnicas para calcular o potencial do conteúdo, contatar o dono dele muitas vezes um cidadão comum, remunerá-lo de alguma forma e a partir daí monetizar esse material.
No fundo, usa tecnologia para tentar sistematizar o caos das redes sociais e construir um modelo de negócios aí. Uma indústria não pode ser construída em cima de acidentes, afirmou ela.
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