ROBERTO DIAS
BARCELONA, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Os dados pessoais poderão continuar sendo o petróleo da economia digital. Mas a maneira de trabalhá-los não deverá ser a mesma. Se eu quero usar seus dados, tenho que justificá-lo. As coisas estão mudando em benefício das empresas e dos consumidores, afirmou Aurélie Pols, engenheira da OX3 Analytics convidada a falar no Mobile World Congress, principal feira do setor de tecnologia, que acontece nesta semana em Barcelona. Essa sociedade na caixa-preta não é o caminho para o futuro.
Uma nova legislação entra em vigor na Europa em maio. Batizada de GDPR, ela harmoniza as regras em todos os países da região e obriga as empresas de tecnologia que vendem serviços aos europeus a serem muito transparentes. Como ninguém irá dar as costas ao mercado da Europa, a regra acaba por afetar qualquer empresa que opere na internet, além de induzir outros governos a se mexerem, como já aconteceu com o Japão. Os indivíduos perderam o controle dos seus dados, afirmou Clara Neppel, diretora do IEEE, entidade que congrega centenas de milhares de profissionais de engenharia e tecnologia. O usuário poderá ver que decisão foi tomada com seus dados e terá como contestá-la e mudá-la.
Além do faroeste comercial criado pelo uso sigiloso dos dados, existem também implicações éticas --pois, como disse Neppel, a tecnologia não é dada e sim moldada pelos humanos. A inteligência artificial diminuiu nossa responsabilidade. De quem é a responsabilidade quando o computador diz não?, questionou Paula Boddington, professora da Universidade de Oxford.
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