TAÍS HIRATA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Eletrobras realiza nesta quinta-feira (8) a assembleia geral com acionistas que poderá definir o futuro das seis distribuidoras da estatal, cuja venda é prevista até abril.
A principal questão que será tratada na assembleia é como equacionar a dívida bilionária das seis empresas, que ultrapassa os R$ 19 bilhões. A expectativa é que a controladora absorva os passivos bilionários das seis empresas.
São elas a Cepisa (Piauí), a Ceal (Alagoas), a Ceron (Rondônia), a Eletroacre, a Amazonas Energia e a Boa Vista (Roraima).
Embora a desestatização das empresas seja vista como essencial para dar prosseguimento à privatização da Eletrobras, há um temor de que, caso os passivos fiquem com a controladora, o interesse de investidores pelo grupo seja muito impactado.
O presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior, já havia afirmado que a orientação é que a controladora fique com apenas uma parcela dos débitos, mas ressaltou que a decisão final será dada em assembleia.
A União, que é acionista majoritária do grupo, porém, deverá recomendar que a Eletrobras assuma uma outra conta -referentes a créditos bilionários que as empresas teriam a receber da Aneel, mas que a agência reguladora nega, afirmando que, na verdade, elas precisariam pagar ao órgão.
Com isso, a Eletrobras herdaria uma potencial dívida bilionária. No entanto, a avaliação é que a transferência ajudaria a viabilizar a venda das seis distribuidoras, segundo um analista que tem acompanhado de perto a discussão.
Na votação a distância feita com os acionistas, a maioria votou contra as soluções apresentadas.
Eles foram questionados, para cada distribuidora individualmente, sobre a incorporação da dívida pela Eletrobras, sobre uma eventual liquidação e sobre a transferência dos créditos em discussão com a Aneel para a controladora.
Como a União é acionista majoritária, porém, é a sua decisão que deve prevalecer.
Para Edvaldo Santana, presidente-executivo da Abrace (associação de grandes consumidores) e ex-diretor da Aneel, a incorporação dos débitos não vai acabar com o apetite dos investidores pela Eletrobras. "Claro que desvaloriza ativo, mas o investidor vai precificar isso nas ações. Acredito que é a melhor solução", diz.
GREVE
Durante a realização da assembleia, funcionários das seis companhias declararam uma paralisação nesta quarta (8).
Os sindicatos tentaram barrar judicialmente a realização da reunião, mas até agora não foram analisadas
O Sintepi, do Piauí, que foi o primeiro sindicato a acionar a Justiça, espera que até amanhã tenha uma decisão de primeira instância sobre o tema e afirma que esta poderá anular o que for decidido hoje na reunião.
"Conversamos com o juiz e afirmou que até amanhã sai uma decisão, que pode ter efeito retroativo", afirmou o presidente da entidade, Paulo Sampaio.
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