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Com melhora da economia e eleição imprevisível, múltis aceleram envio de lucro ao exterior

ÁLVARO FAGUNDES E JOANA CUNHA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As multinacionais aproveitaram o fim da recessão econômica e a melhora das margens de lucro para, pela primeira vez em quatro anos, aumentar o envio de lucros e dividendos do Brasil para suas matr

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 21.01.2018, 07:00:00 Editado em 21.01.2018, 07:00:10
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ÁLVARO FAGUNDES E JOANA CUNHA

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As multinacionais aproveitaram o fim da recessão econômica e a melhora das margens de lucro para, pela primeira vez em quatro anos, aumentar o envio de lucros e dividendos do Brasil para suas matrizes no exterior.

A remessa de lucros e dividendos cresceu 34% de janeiro a novembro do ano passado em relação ao mesmo período de 2016, para US$ 13,8 bilhões, segundo o BC.

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O valor está distante do recorde para o período (US$ 25,1 bilhões em 2011), mas interrompe uma sequência de três quedas seguidas.

Giovanni Cordeiro, economista da Deloitte, aponta, com base em dados da Economatica, que a margem líquida das empresas, que desceu ao patamar de 1,85% na mediana no terceiro trimestre de 2015, se recuperou para 3,7% em 2017 —distante, porém, dos 4,8% em 2012.

Além da melhora do cenário econômico, com a volta do crescimento do PIB, as incertezas sobre a eleição presidencial deste ano também estão entre as razões que ajudaram nesse movimento de repatriação de resultados.

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"O risco do país é realidade. As empresas vão esperar a coisa ficar mais clara em 2019 em relação ao novo governo. A alta das remessas ainda sofre influência das expectativas sobre o que vai ocorrer com o real. Se você acha que a moeda vai se desvalorizar, tem um incentivo para mandar para fora", diz Carlos Primo Braga, professor da Fundação Dom Cabral.

A trajetória de queda na taxa de juros (a Selic caiu 6,75 pontos percentuais em 2017 , para 7% ao ano) é outro aspecto que pode ter reduzido o interesse das múltis em manter o dinheiro no Brasil, de acordo com Fernando Giacobbo, sócio da PwC.

"Quando uma empresa está com caixa disponível, ela avalia se é bom manter o recurso em aplicações financeiras aqui. Mas ela já não tem mais a remuneração que tinha no ano anterior", diz.

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Somado a tudo isso, o parque industrial ainda opera com ociosidade (apesar da melhora recente, a capacidade instalada ainda está distante do patamar de 2014) e não tem urgência de investir em aumentar a capacidade por enquanto, a despeito dos sinais de retomada.

"Além da queda na taxa de juros, também não existe perspectiva de manter esses recursos aqui como fonte de financiamento para investir em aumento de capacidade produtiva", diz Giacobbo.

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NOVA ONDA

Os Estados Unidos lideraram o envio de dinheiro das múltis, respondendo por 31,1% do total remetido em 2017 até novembro, ou US$ 4,3 bilhões. Em 2016, as americanas estavam praticamente empatadas com as empresas holandesas: 25,4% e 25,3%, respectivamente.

O resultado antecipa uma onda que pode se fortalecer neste ano, quando passa a ser aplicada a reforma tributária americana aprovada pelo governo Donald Trump, com a redução da alíquota de Imposto de Renda para as empresas, de 35% para 21%.

"Enquanto isso, no Brasil estamos na ordem de 34%. A menos que o governo brasileiro faça também uma reforma tributária, haverá mais incentivo para repatriar o dinheiro para os Estados Unidos", afirma Carlos Braga, da Fundação Dom Cabral.

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