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Presidente da HP vê Brasil atrasado em corrida da manufatura avançada

TATIANA VAZ SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da HP Brasil, Claudio Raupp, conta que nos Estados Unidos e na Europa já há falta de especialistas em robótica. "Novas áreas tecnológicas são a base da transformação de diversas indústrias, e faltam pr

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 21.01.2018, 05:30:00 Editado em 21.01.2018, 05:30:09
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TATIANA VAZ

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da HP Brasil, Claudio Raupp, conta que nos Estados Unidos e na Europa já há falta de especialistas em robótica. "Novas áreas tecnológicas são a base da transformação de diversas indústrias, e faltam profissionais", diz ele. No Brasil, isso não ocorre. Não porque o país esteja formando um número adequado de trabalhadores na área, mas por estar tão atrasado que não está criando vagas em robótica.

"O risco de o Brasil não ter uma agenda orientada para o desenvolvimento da manufatura avançada é que os melhores postos vão migrar para fora do país", diz Raupp, em entrevista sobre como a tecnologia está mudando as empresas e os trabalhadores.

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REVOLUÇÃO DIGITAL

"O que está acontecendo hoje é a mudança no eixo dos polos de manufatura. No passado, houve a migração de fábricas para países que tinham infraestrutura e mão de obra mais barata. O que importava era diminuir custos. Vimos, então, uma imensa migração de negócios para a Ásia, incentivada por ações governamentais. China e Índia se desenvolveram muito com isso.

Porém, à medida que a era digital amadurece, novos elementos entram na equação dos negócios: automação industrial, big data, inteligência artificial, impressão 3D. Não é apenas uma questão de custos, mas de que tipo de relação as empresas terão com os consumidores. As companhias querem, precisam de pessoas que saibam trabalhar com essas novas tecnologias."

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HABILIDADES ESSENCIAIS

"Vão se destacar os profissionais que entreguem o que as máquinas não conseguem: análises e questionamentos. Vão desaparecer as funções baseadas em buscar e organizar dados.

Essa revolução já começou. Temos hoje call centers atendidos por robôs e bancos totalmente digitais, um conceito impensável no passado. Como sociedade, é preciso investir na educação e questionar se os cursos que as pessoas frequentam estão voltados para o mercado de anos atrás ou olhando para a frente.

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O presidente-executivo da Apple, Tim Cook, afirmou que aprender a programar é mais importante que ter um segundo idioma. Concordo com ele. Para os brasileiros, é preciso saber inglês e programação."

RISCOS PARA O BRASIL

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"Ao contrário do que ocorria antes, os profissionais não precisam estar ao lado das máquinas nas fábricas para criar ou operar. Eles podem trabalhar de qualquer lugar do mundo. O risco de o Brasil não ter uma agenda orientada para o desenvolvimento da manufatura avançada é que os melhores postos de trabalho, nesse contexto, vão migrar para fora do país, o que seria ruim para todos. O Brasil precisa pensar nas questões educacionais, regulatórias, tributárias e de propriedade intelectual que emergem dessa nova era.

Hoje, a peça original de um carro, por exemplo, é feita na linha de produção de uma fábrica. Se um cliente precisa trocá-la, vai a uma concessionária. Com a impressão 3D, será possível baixar um software com o desenho industrial da peça e imprimir em casa. Esse, aliás, é um tipo de serviço que já está disponível às montadoras. Como proteger a autoria da peça?"

ESCASSEZ PROFISSIONAL

"Nos mercados que já estão mais avançados nessa transformação digital, como Estados Unidos e Europa, já há carência de profissionais especializados. Isso porque essas novas áreas tecnológicas são a base da transformação de diversas indústrias, como a automobilística, a aeronáutica, a aeroespacial, a de bens de consumo e a médica.

No Brasil, não temos falta de especialistas em robotização e automação porque estamos muito atrás da Europa, da Coreia do Sul e da Alemanha na corrida da manufatura avançada. Ou seja, como país, não estamos avançando na devida velocidade para tirar proveito da oportunidade e, principalmente, evitar o risco de perder profissionais."

MENOS DISTRAÇÃO

"O Brasil tem um grande parque industrial e uma grande oportunidade de ser mais competitivo. Infelizmente está muito distraído há alguns anos com questões políticas, de corrupção, de troca de governo... precisamos de estabilidade para o tema ser colocado numa agenda mais forte, com vários movimentos feitos de forma coordenada por governo, sociedade e empresas."

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