FILIPE OLIVEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A start-up Portal Telemedicina vem usando inteligência artificial para levar laudos de especialistas a regiões remotas com agilidade.
A empresa, que começou a funcionar em 2013, desenvolveu tecnologia que extrai informações de equipamentos médicos variados e as envia para outros aparelhos, como computadores, tablets e smartphones.
Com isso, um enfermeiro ou clínico-geral pode realizar exames e enviá-los para médicos especialistas que dedicam parte de seu tempo a fazer laudos para a companhia.
O economista Rafael Figueroa, 31, cofundador da empresa, diz que os médicos conseguem analisar até 100 exames por hora. Em dias de pico, a companhia analisa até 5.000 exames.
A empresa conta com serviços regulares de 25 médicos, parte contratada e parte que realiza o trabalho de modo autônomo, em algumas horas por dia. Também pode chamar outros 100 em dias de demanda maior, diz. A média de tempo para um paciente receber um laudo no Brasil é de 60 dias. Devolvemos os nossos em minutos, afirma.
A análise à distância também permite que médicos de centros de referência, como Incor e Albert Einstein, em São Paulo, façam laudos exames de pacientes de cidades com menos acesso à saúde, segundo Figueroa.
O alto volume de análises é feito com apoio de inteligência artificial desenvolvida pela companhia, a partir de plataforma do Google chamada TensorFlow.
O sistema analisa um banco de dados com milhões de exames já diagnosticados e, percebendo semelhanças entre o que já foi analisado e os novos exames, aponta qual o provável diagnóstico.
Figueroa afirma que a inteligência permite a priorização dos casos mais urgentes. Assim que o sistema percebe algo que parece ser mais grave, sobe o exame na fila dos que serão avaliados por médicos, para que o paciente receba uma resposta logo.
Entre os exames que recebem laudos dos especialistas da companhia estão eletrocardiograma, eletroencefalograma, ressonância magnética, raio-x e mamografia.
A tecnologia é usada por 200 clínicas em 100 cidades de 18 estados pelo Brasil.
PARCERIAS
Neste mês, Figueroa participou de viagem empresarial para a França promovida pelo programa Start Out Brasil, que tem entre seus parceiros o Ministério do Desenvolvimento e a Apex (agência ligada a pasta que promove a internacionalização de empresas brasileiras).
Figueroa afirma que a empresa busca oportunidades para estabelecer um centro de pesquisa no país, devido ao papel de destaque da França no campo da neurologia.
Ele conta já ter fechado acordo com o Hospital Saint Joseph Paris para que médicos de lá possam ser acionados em caso de dúvidas a respeito de um resultado de exame. Especialistas de lá também poderão ser chamados caso seja a preferência do cliente.
A start-up também deverá ter parcerias com o governo de São Paulo. Foi a vencedora do Pitch Gov.SP deste ano, programa que busca parceiros de tecnologia para o governo em áreas variadas.
No Estado, o foco do trabalho da start-up não será a telemedicina , ao menos neste momento. Figueroa explica que usará a experiência da empresa em convergência de sistemas (algo que foi importante para extrair informações de equipamentos médicos) para integrar sistemas variados usados na saúde pública paulista.
Um objetivo do empreendedor é criar um aplicativo para cidadãos em que será possível armazenar histórico médico e exames realizados, diz.
No início deste ano, a empresa foi para San Francisco (EUA) participar do programa de aceleração do Google para start-ups de países emergentes Launchpad Accelerator. Lá, teve acesso a apoio de executivos da empresa e de outras companhias de destaque no setor de tecnologia.
A empresa tem atualmente 30 funcionários. Figueroa conta ter 40 vagas em aberto.
Foram investidos até agora R$ 6,5 milhões no projeto, incluindo recursos de órgãos como Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
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