DANIEL CARVALHO E LAÍS ALEGRETTI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O governo aposta na pressão externa para convencer deputados que hoje são contra a reforma da Previdência a mudar seus votos até a semana que vem, quando espera votar a proposta em primeiro turno na Câmara.
Aliados do presidente Michel Temer avaliam que já surte efeito a estratégia de prometer R$ 3 bilhões a municípios, caso a reforma seja aprovada.
Deputados começaram a receber pressão de seus prefeitos.
"Só hoje, recebi ligação de três prefeitos pendido para votar favoravelmente à reforma", afirmou o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS).
Um desses prefeitos foi Adelar Loch (PMDB), de Coronel Pilar (RS).
"Alguém tem que assumir a bronca, tomar a responsabilidade. Vou ligar para nossos deputados. Os municípios estão numa situação complicada. Essa liberação [dos R$ 3 bilhões] ajuda bastante", disse o prefeito.
Apoiadores da reforma no Congresso também acreditam que a posição favorável ao texto de entidades patronais, como a CNI (Confederação Nacional da Indústria), pode ajudar a virar votos.
Mas governistas admitem que não dá para cantar vitória. Contabilizam 266 votos, ainda bem abaixo dos 308 necessários para aprovar uma PEC (proposta de emenda à Constituição).
Há quem desconfie, inclusive de que o apelo dos prefeitos pode não surtir efeito sobre os deputados que hoje são contra a reforma.
"Prefeito oferece apoio pra todo mundo e não trabalha pra ninguém, com poucas exceções. Quem acredita em prefeito está fodido", disse o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP).
AVALIAÇÃO
Aliados do Planalto têm feito reuniões de avaliação recorrentes. Nesta terça-feira (5), um grupo de peemedebistas reuniu-se em um restaurante em Brasília e, horas depois, juntou-se a outros governistas para novo encontro.
Alguns partidos, como o PMDB, anunciaram a intenção de fechar questão a favor da reforma, mas partidos como o PSD, do ministro Henrique Meirelles (Fazenda), e DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), resistem a obrigar seus deputados a votar pelo texto que altera as regras previdenciárias.
Uma reunião com o presidente Michel Temer será realizada nesta quarta-feira (6) para contabilizar votos e definir a data da votação.
A expectativa é que Rodrigo Maia marque a votação em primeiro turno para a semana que vem.
Aliados de Temer querem deixar que Maia tenha protagonismo na definição de datas e tomam todo cuidado ao comentar questões que são prerrogativas dele para não irritá-lo.
Além disso, o Planalto quer colocar na conta do Congresso uma eventual derrota da nova Previdência.
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