MAIS LIDAS
VER TODOS

Economia

Auditoria vê favorecimento e propõe vetar capitalização da Caixa com FGTS

FÁBIO FABRINI BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) propõe à corte que proíba, em caráter liminar (provisório), o uso de recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para capitalizar a Caixa Econômica Fede

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 01.12.2017, 20:50:00 Editado em 01.12.2017, 20:50:04
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

FÁBIO FABRINI

continua após publicidade

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) propõe à corte que proíba, em caráter liminar (provisório), o uso de recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para capitalizar a Caixa Econômica Federal e, assim, ajudar o banco a cumprir novas regras de solidez financeira.

Concluído nesta sexta (1º), o parecer, obtido pela reportagem, servirá de base para decisão do tribunal sobre a operação.

continua após publicidade

O uso do fundo é uma prioridade do governo, que alega não ter como investir na instituição. A partir de 2018, a Caixa só poderá fazer empréstimos se tiver mais dinheiro próprio para garanti-los. As regras estão previstas no acordo de Basileia 3.

A expectativa do Planalto é aprovar a transação até o fim deste ano.

O relatório foi enviado ao ministro Benjamin Zymler, relator do caso, que decidirá se concede a medida cautelar. O entendimento dele terá de ser referendado a posteriori pelo plenário.

continua após publicidade

A auditoria do TCU foi motivada por representação do procurador do Ministério Público de Contas Julio Marcelo de Oliveira.

Ele sustenta que a capitalização, nos moldes propostos pelo governo, fere a lei que rege o FGTS e configura um "desvio de finalidade". Além disso, alega que há "conflito de interesse e abuso de poder" por parte do banco, que seria o beneficiário dos recursos, mas, paralelamente, atua como operador e agente financeiro do fundo.

O banco, com apoio do Planalto, tenta refinanciar R$ 10 bilhões dos R$ 260 bilhões em dívidas que tem com o FGTS. Com essa repactuação, o fundo receberá juros mais altos. Mas o débito passará a ser perpétuo (sem possibilidade de resgate do principal). Além disso, a remuneração do título só ocorrerá se a instituição tiver lucro ou reservas para isso. Em determinadas situações, os pagamentos ao credor podem ser suspensos ou até extintos.

continua após publicidade

No parecer, os auditores do TCU argumentam que a operação é substancialmente distinta e mais arriscada do que autoriza a lei do FGTS.

"A exigência legal de retorno dos recursos emprestados aos tomadores finais em prazo determinado não se revela, em tese, consentânea com a regra de que esses mesmos recursos sejam retidos e permaneçam sem data precisa de reintegração ao FGTS. De outra forma, os bancos -e não somente a Caixa- receberiam e represariam os valores recebidos, apenas para fortalecer o seu PR [patrimônio de referência, usado como parâmetro para os empréstimos]", argumentam os auditores.

continua após publicidade

O relatório explica que pareceres do banco e do Ministério do Trabalho, favoráveis ao negócio, evidenciam o risco iminente de prejuízo ao fundo e ao interesse público, o que justifica a adoção de uma medida urgente para proibir o investimento. Há a expectativa de que o Conselho Curador do FGTS aprove o aporte em 12 de dezembro.

Para os auditores, a operação também denota favorecimento à Caixa, em desacordo com a Constituição.

"Empresas públicas, quando exploradoras de atividade econômica, não devem ser injustificadamente beneficiadas. Esse pressuposto dá margem a que todos os agentes financeiros que operem com recursos do FGTS busquem igual tratamento ao dispensado à Caixa, com impacto de difícil mensuração e desvirtuamento das funções do fundo, que não tem por escopo garantir a higidez de seus agentes financeiros", diz o relatório.

Os auditores propõem que o Conselho Curador do FGTS seja proibido de adotar "qualquer procedimento, inclusive estabelecer diretrizes, que levem à possível utilização dos créditos ou recursos" do fundo para compor a estrutura de patrimônio de referência da Caixa ou de qualquer outro agente financeiro. Também sugerem a oitiva de gestores da Caixa para, em até 15 dias, se manifestarem sobre o assunto.

A decisão sobre a medida cautelar deve sair até a quarta-feira (6), última sessão do TCU prevista para o ano. Não há data para o mérito do caso ser julgado.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Economia

    Deixe seu comentário sobre: "Auditoria vê favorecimento e propõe vetar capitalização da Caixa com FGTS"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!