TAÍS HIRATA, ENVIADA ESPECIAL*
LONDRES, REINO UNIDO (FOLHAPRESS) - Sem citar nomes, a Enel, empresa italiana de energia, indicou que tem interesse na aquisição da Ceal e da Cepisa -distribuidoras da Eletrobras em Alagoas e Piauí, respectivamente-, segundo o presidente global do grupo, Francesco Starace, em evento para investidores nesta terça-feira (21) em Londres.
"Estamos interessados em outras distribuidoras que a Eletrobras colocou à venda, assim como aconteceu com a Celg. Mas não em todas, em algumas mais do que outras", afirmou.
O executivo não mencionou as companhias nominalmente, mas disse que as regiões em que a italiana já atua são as de maior interesse -o que exclui a região Norte.
A empresa planeja investir 1,8 bilhão (R$ 6,88 bilhões) no Brasil entre 2018 e 2020, dos quais 1,5 bilhão (R$ 5,74 bilhões) será destinado à área de distribuição e 300 milhões (R$ 1,15 bilhão) para energia renovável.
Neste ano, a empresa bateu seu recorde de investimento no país. Sem contar as aquisições, foram aportados 1,5 bilhão --cerca de R$ 5,74 bilhões- no Brasil para colocar em operação cinco plantas solares, duas eólicas e em digitalização.
A companhia também garantiu sua participação nos leilões de energia renovável que vão ocorrer em dezembro. "Temos sido participantes regulares desses leilões fantásticos, e com certeza participaremos", disse Starace.
A Enel reforçou ainda seu interesse na Light, distribuidora que a Cemig tem planos de vender. "Mas não há um processo concreto de venda com que possamos trabalhar", afirmou o executivo.
Em 2016, a empresa italiana se tornou a segunda maior de distribuição no país após a compra da Celg, da Eletrobras, quando atingiu um total de 9,7 milhões de consumidores, atrás apenas da Neoenergia. O investimento total feito na distribuidora de Goiás foi de 560 milhões (R$ 2,14 bilhões, na cotação atual).
A previsão da empresa é ampliar sua geração de caixa no Brasil de 960 milhões, neste ano, para 1,49 bilhão em 2020, com os investimentos em distribuição e usinas de energia renovável, segundo o diretor financeiro global, Alberto De Paoli.
FREIO NA AMÉRICA LATINA
O grupo italiano, no entanto, demonstrou intenção de diminuir o risco dos seus investimentos e anunciou uma redução de 26% do valor destinado à América do Sul, na comparação com o plano trienal anterior.
"Vamos simplificar nossa operação para ganhar em eficiência", disse o presidente.
Dos 24,6 bilhões (R$ 93,9 bilhões) de aportes totais anunciados entre 2018 e 2020 - 500 milhões a mais que no plano anterior-, 80% serão destinados a mercados maduros: Itália, a região ibérica e as Américas do Norte e Central.
Para a expansão na América do Sul, serão destinados 2,7 bilhões (cerca de R$ 10,31 bilhões) nos próximos três anos.
Uma das principais medidas no continente, porém, será o enxugamento da operação. De 53 companhias em que o grupo tem participação minoritária, a Enel quer manter 30 até 2020.
A principal estratégia é a de construir, vender e operar -ou seja, a empresa se desfaz dos ativos que desenvolveu para investir em novos projetos e continua operando usinas para gerar receita. A estratégia foi usada no México e poderá se repetir no Brasil, tal como no Chile. O modelo deverá ser utilizado para usinas de energia renovável.
Na América do Sul, a expectativa é que a geração de caixa de projetos renováveis chegue a 2,1 bilhões em 2020, uma alta de 16,6% em relação a este ano.
A região é apontada como a que mais contribuiu para o aumento da geração de capital da empresa. O crescimento é fruto dos investimentos nos últimos anos, segundo De Paoli.
A empresa prevê terminar 2017 com uma geração de caixa global de 15,5 bilhões, contra 15,2 bilhões do ano anterior.
O grupo ainda destacou a criação de sua nova marca, Enel X, voltada a novas tecnologias de eficiência energética, carros elétricos, fibra óptica, entre outros. A expectativa é que o setor gere 800 milhões nos próximos três anos, dos quais a América do Sul deverá representar 36%.
*A jornalista viajou a convite da Enel
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