SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Outra reviravolta assumida pelo governo nesta quarta (25), a decisão de liberar o aeroporto da Pampulha para receber voos entre Estados, pode pressionar os preços das passagens internacionais para o viajante mineiro. É que a liberação de Pampulha, que fica no centro de Belho Horizonte, deve provocar uma competição, fazendo com que o aeroporto de Confins, a 38 km da capital, perca uma parte dos passageiros e fique menos atraente para as companhias.
Essa deterioração dos negócios no aeroporto de Confins poderá fazer os preços das passagens subam.
A conclusão é de Ricardo Bisordi, presidente da divisão de aeroportos da CCR, que foi prejudicada com a mudança. Ao lado da Zurich, a CCR é uma das acionistas privadas de Confins, que foi concedido em 2014 com a participação da Infraero de 49%.
A mudança desta quarta contraria uma portaria que já havia sido anunciada pelo governo em maio, quando pareciam enterrados os planos da estatal Infraero de reabrir seu aeroporto de Pampulha para os voos entre Estados. A medida faz parte do pacote prometido pelo presidente Michel Temer ao ex-deputado Valdemar Costa Neto em troca de votos para derrubar a segunda denúncia.
A liberação de Pampulha é vista como contraditória porque, ao mesmo tempo em que favorece a Infraero no aeroporto central, a prejudica enquanto sócia de Confins.
"Infelizmente, há questões políticas. Estamos vendo o que está acontecendo em Brasilia hoje e o esforço para a votação da denúncia no Congresso", diz Bisordi. O executivo diz que a empresa vai à Justiça tentar uma liminar para suspender a medida.
Para Bisordi, a insegurança jurídica provocada pelas idas e vindas no caso Pampulha podem comprometer o interesse de investidores para a próxima rodada de leilões de aeroportos.
Ele, no entanto, não exclui a participação da CCR nos próximos leilões dos 13 empreendimentos que entraram oficialmente para o programa de desestatização nesta quarta. "É prematuro dizer qualquer coisa. Vamos estudar as condições e tomar uma decisão racional, mas essa experiência, sem dúvida, limita o nosso apetite."
Procurado, o Ministério dos Transportes afirmou que "a decisão de revogar a portaria de maio, que limitava a operação de Pampulha apenas para aeroportos regionais, foi tomada para manter a sustentabilidade econômica da Infraero. E como diz contrato do concessionário, o risco de demanda é dele".
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