RAQUEL LANDIM
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A J&F, que controla os negócios da família Batista, informou que concluiu as negociações para vender a fabricante de celulose Eldorado para a Paper Excellence, empresa sediada na Holanda com operações no Canadá.
O contrato de compra e venda entre as empresas foi assinado na madrugada deste sábado (2) e avaliou a Eldorado em R$ 15 bilhões.
A Paper Excellence pertence à família Widjaja, que também é dona da indonésia Asia Pulp and Paper (APP).
Segundo apurou a reportagem, o negócio será fechado em duas etapas.
Na primeira fase, serão vendidos de 30% a 35% da empresa brasileira por cerca de R$ 5,25 bilhões. O restante da operação será concluído em até 12 meses.
Os fundos de pensão Funcef (Caixa) e Petros (Petrobras) são minoritários na Eldorado com 17% por meio do FIP Florestal. Se eles decidirem vender sua participação, sairão do negócio já nessa primeira fase, e a Paper Excellence compraria a fatia do FIP Florestal na Eldorado.
A Paper Excellence foi assessorada pelo BTG Pactual no negócio, enquanto Joesley Batista conduziu o processo diretamente, sem a ajuda de bancos de investimento.
A Eldorado, que produz cerca de 1,7 milhão de toneladas de celulose de eucalipto por ano, vinha sendo cobiçada por outras empresas como a chinesa China Paper e as brasileiras Fibria e Suzano.
A Paper Excellence aceitou pagar um valor mais alto pelo ativo para entrar no país, um dos produtores de celulose mais competitivos do mundo.
A venda da fabricante de celulose é mais uma etapa do plano dos Batista para reduzir suas dívidas e reduzir a crise de credibilidade que se instalou desde que assinaram um acordo de delação premiada com o Ministério Público, confessando que pagavam propina a políticos.
Os irmãos Joesley e Wesley Batista já venderam a Alpargatas, fabricante das Havaianas, por R$ 3,5 bilhões para a Itaúsa/Cambuhy, e a Vigor por R$ 5,7 bilhões para a mexicana Lala. A JBS, maior empresa de proteína animal do mundo, também vendeu as suas operações na Argentina, no Uruguai e no Paraguai, entre outros ativos.
Também estão a venda as operações da Moy Park e da Five Rivers, empresas de confinamento e alimentação de gado, e linhas de transmissão de energia do grupo dos irmãos Batista.
O objetivo dos Batista é levantar pelo menos R$ 15 bilhões nos próximos meses, para abater parte dos R$ 70 bilhões em dívidas de suas empresas.
Um outro plano do grupo é a entrada da JBS Foods International (subsidiária para operações internacionais da empresa) na Bolsa de Valores de Nova York.
A operação, inicialmente prevista para o início deste ano, ficou comprometida depois que a delação veio a público, em 17 de maio. Segundo Wesley Batista, ela deve ficar para o segundo semestre do ano que vem.
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