MARIANA CARNEIRO E LUCAS VETTORAZZO
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Os dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta sexta-feira (1º) mostram que os investimentos seguiram contraídos no segundo trimestre do ano, apesar da alta de 0,2% da atividade econômica entre abril e junho.
No segundo trimestre, os investimentos recuaram 0,7% ante os três meses encerrados em março. Na comparação com igual período do ano passado, a retração foi de 6,5%.
Já são quatro trimestres consecutivos de retração nos investimentos. O último resultado positivo foi no segundo trimestre de 2016.
Os investimentos patinam, entre outras razões, porque a ociosidade nas fábricas está elevada, afirmam economistas. Outro fator é a incerteza política associada à manutenção do governo Michel Temer e sua capacidade de promover as reformas que controlarão o deficit público.
Na divulgação do PIB do primeiro trimestre, em junho, economistas levantaram dúvidas sobre a capacidade de o investimento e a economia reagirem após as denúncias do empresário Joesley Batista, da JBS, contra o presidente.
A turbulência política abalou os mercados no dia seguinte à divulgação das gravações e provocou incertezas, que podem ter contribuído para a falta de reação dos investimentos no período. Mas não parece ter provocado efeitos sobre toda a economia, além de impacto sobre os investimentos, na avaliação de Silvia Matos, coordenadora do boletim Macro, do Ibre/FGV.
"O risco de balde de água fria sobre a atividade não apareceu", disse Matos.
Principal componente da conta de investimento, a construção civil recuou 7% em relação ao segundo trimestre do ano passado, ainda sob impacto da Lava Jato.
Com o resultado do segundo trimestre, a taxa de investimentos do país ficou em 15,5% do PIB, a menor para o período desde a atual série do IBGE, iniciada em 1996.
Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, afirma que há interesse de estrangeiros e de empresas capitalizadas em voltar a investir no Brasil.
De janeiro a julho, por exemplo, os recursos externos investidos no setor produtivo, conhecidos como investimentos em participação no capital, cresceram 36% em relação a igual período do ano passado, principalmente no setor de serviços, com destaque para empresas de eletricidade, transporte, varejo e saneamento.
O segmento de óleo e gás é outro que está atraindo interessados, com a retomada dos leilões do pré-sal.
Mas as concessões de infraestrutura não deslancharam como se imaginava, em parte devido à crise envolvendo as construtoras.
Para a indústria e as pequenas e médias empresas, segundo Zeina, os investimentos ainda devem demorar devido à ociosidade.
INDÚSTRIA
Após um resultado positivo no primeiro trimestre, a indústria voltou ao negativo -queda de -0,5% no trimestre- sob influência da fraqueza da construção civil e do setor de produção e distribuição de energia. Em relação a igual período do ano anterior, a indústria amargou queda de 2,1%.
O setor extrativo voltou a crescer, tendo registrado alta de 0,4% na comparação com o primeiro trimestre deste ano.
A indústria de transformação cresceu 0,1% no segundo trimestre frente aos primeiros três meses do ano, um fator que indica desempenho positivo para o setor.
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