MARIANA CARNEIRO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Ministério da Fazenda indicou o advogado Marcelo Barbosa, 45, para a presidência da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autoridade que investiga crimes e infrações cometidos em operações no mercado financeiro.
O mandato do atual titular, Leonardo Pereira, termina em 14 de julho e, com isso, há a perspectiva de que o presidente Michel Temer confirme a indicação de Barbosa nos próximos dias.
Pereira faz a última rodada de conversas em Brasília nesta quinta (13), quando se despede do cargo.
O nome de Barbosa tem que ser levado à apreciação do Senado, antes de ser oficialmente confirmado.
Uma das especialidades do advogado são casos de "insider trading" e "inside information", uso de informações privilegiadas para ganhar vantagem no mercado financeiro.
A CVM investiga neste momento caso rumoroso de suposto uso de informações privilegiadas pela JBS. A suspeita é que a empresa teria lucrado comprando dólares e vendendo ações nos dias que antecederam a delação de Joesley Batista.
A estratégia foi considerada suspeita pois, com isso, os controladores da JBS teriam ganhado com a baixa nas ações da companhia que veio a seguir, assim como com a alta do dólar provocada pela turbulência política.
A CVM abriu oito processos para investigar a empresa e a Polícia Federal fez uma operação na sede da companhia, em São Paulo, em busca de provas. A JBS nega que tenha cometido ilegalidades e afirmou que está contribuindo com a investigação.
Caso a empresa e seus controladores sejam considerados culpados, Joesley Batista pode ter seu acordo de delação premiada revisto, uma vez que o instrumento de colaboração pode ser cancelado em caso de novo crime praticado pelo arrependido.
A CVM também é parte do projeto que cria a leniência para empresas que admitam delitos ou infrações em operações sob regulação da autoridade e do Banco Central. O tema foi levado à análise do Congresso por meio de uma medida provisória que provocou divergência com o Ministério Público.
Barbosa trabalha no escritório Vieira Rezende Barbosa Guerreiro, com sede no Rio, e já trabalhou para o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, apontado como um dos responsáveis por sua indicação à CVM. Ele tem mestrado na Law School, da universidade americana Columbia.
Até que o novo titular seja empossado, a CVM deverá ser interinamente comandada pelo diretor com mais tempo de casa, Pablo Waldemar Renteria.
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