NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Para tentar coibir importações de combustíveis, a Petrobras poderá promover reajustes diários nos preços de venda de suas refinarias, segundo a nova política de preços anunciada nesta sexta (30).
A política tem por objetivo ampliar a frequência dos reajustes, que vinham sendo realizados, em média, uma vez por mês, e confere poder de decisão à gerência-executiva de marketing e comercialização de combustíveis.
Até agora, a definição era de um grupo executivo formado pelo presidente da empresa, Pedro Parente, e pelos diretores Financeiro, Ivan Monteiro, e de Refino e Gás, Jorge Celestino.
O grupo, agora, definirá só os parâmetros de preços e só intervirá se os reajustes acumularem mais de 7% para cima ou para baixo em um mês.
A partir de segunda-feira (3), não haverá mais anúncios de ajustes nos preços, que passarão a ser publicados no site da companhia.
O objetivo, segundo Monteiro, é acompanhar mais de perto as variações do mercado internacional e oferecer produtos mais competitivos aos seus clientes. "São as commodities mais líquidas que existem. Os preços variam intraday [durante o dia]."
GASOLINA CAI 5,9%
O último reajuste com a política anterior foi anunciado na noite desta sexta: queda de 5,9% no preço da gasolina e 4,8% no do diesel, vigorando a partir deste sábado (1º).
A estatal calcula que, se o repasse for integral, o preço da gasolina nas bombas cairá 2,4% (ou R$ 0,09 por litro) e o do diesel terá redução de 2,7% (R$ 0,08 por litro).
Desde outubro, a companhia mexeu oito vezes no preço da gasolina e nove no do diesel quase todas para baixo. Mesmo assim, vem perdendo mercado para a importação por empresas privadas.
No primeiro quadrimestre, a produção das refinarias da Petrobras atingiu o menor nível da década, enquanto a fatia de produtos importados chegou perto de 20% das vendas de combustíveis no país.
Questionado sobre a hipótese de a perda de mercado ser resultado da execução da política de preços até agora, o diretor de Refino e Gás da Petrobras, Jorge Celestino, negou, dizendo apenas que a empresa está promovendo ajustes em sua estratégia.
Os executivos afirmaram que, mesmo após as mudanças, a política de preços não permitirá a venda de produtos com margem negativa, como nos governos petistas. E que a estratégia de realizar ajustes mais frequentes será mantida mesmo em períodos de alta dos preços externos.
"Vemos esse anúncio como um movimento inteligente da Petrobras, mostrando independência com relação ao controlador", escreveram os analistas Luiz Carvalho e Julia Ozenda, do UBS.
"Agora, mais do que nunca, os resultados da Petrobras estarão atrelados aos preços do petróleo", concluem.
Monteiro defende que o consumidor será o principal beneficiado, uma vez que ela aumenta a competição com outros fornecedores.
A empresa admite, porém, que a medida pode melhorar a atratividade de suas refinarias, que serão incluídas no programa de venda de ativos.
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