NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O impasse na negociação do socorro federal colocou novamente em lados opostos o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Jorge Picciani, seu correligionário no PMDB e principal fiador do governo na aprovação de medidas anticrise em 2017.
Em conversa com servidores nesta quinta (22), o governador admitiu que pode não chegar ao fim do mandato, em 2018. Ele reconheceu também que não tem prazo para regularizar os salários o Estado ainda deve parte do pagamento de abril para uma parcela dos servidores.
A conversa ocorreu após ultimato de Picciani ao líder da bancada governista na Alerj, Edson Albertassi (PMDB). Em carta, ele concluiu que a falta de acordo com a União deixa apenas duas alternativas: intervenção federal ou impeachment de Pezão.
A negociação com o governo federal está travada porque o Ministério da Fazenda faz questão de limitar os gastos públicos do Estado, proposta que chegou a ser enviada à Alerj, mas acabou sendo engavetada por resistência dos outros Poderes.
Em entrevista à rádio CBN, Picciani chamou Pezão de incompetente e disse que o governador não demonstra força política nem capacidade para negociar com o governo federal. Afirma ainda que o teto de gastos não era imposição na primeira versão da lei de recuperação fiscal.
Há duas semanas, o governo do Estado deu por concluído o processo de votação na Alerj de medidas para se adequar ao regime de recuperação fiscal, que lhe garante a suspensão do pagamento da dívida com a União um alívio de R$ 23 bilhões em três anos-- e autorização para tomar um empréstimo de R$ 3,5 bilhões, que seria usado para quitar os salários atrasados.
SURPRESA
Na carta a Albertassi, Picciani diz que vê "com surpresa" uma nova negociação para estabelecer o teto.
"Em uma primeira interpretação, poderia até pensar que a recomendação dada a você e a outros companheiros para se aproveitar da minha doença e votar esse projeto estivesse prevalecendo", afirmou ele, que está afastado do cargo para o tratamento de um câncer.
Há quase um mês, Picciani engavetou oito pedidos de impeachment do governador, sob o argumento de que não havia bases concretas para destituí-lo. Agora, afirma que relatório do TCE (Tribunal de Contas do Estado) sobre as contas de 2016 aponta crime de responsabilidade pelo não cumprimento de limites da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
O governador não comentou o assunto.
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