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Temor de delação de Palocci acelera leniência de bancos

JULIO WIZIACK, MAELI PRADO E MARIANA CARNEIRO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Embora o Banco Central já pleiteasse o direito de negociar a leniência com empresas do sistema financeiro, o assunto só avançou depois que o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci F

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 10.06.2017, 03:05:08 Editado em 10.06.2017, 03:05:10
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JULIO WIZIACK, MAELI PRADO E MARIANA CARNEIRO

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Embora o Banco Central já pleiteasse o direito de negociar a leniência com empresas do sistema financeiro, o assunto só avançou depois que o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho e o operador Lúcio Funaro sinalizaram fechar acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal.

Ambos conhecem os bastidores dos principais negócios envolvendo os grandes bancos do país e isso serviria de moeda de troca para fecharem acordos com o Ministério Público Federal para a redução de penas e descontos de multas.

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O presidente Michel Temer baixou medida provisória na quinta-feira (8) que autoriza o BC e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a fecharem acordos de leniência com instituições financeiras.

Embora o governo esteja preocupado com a possível fuga de clientes e saques, caso os maiores bancos sejam envolvidos em delações, não existe um risco sistêmico, segundo as autoridades. Mesmo assim, o governo baixou a medida provisória a fim de tentar conter ao máximo os danos de imagem das instituições que hoje financiam o próprio governo.

Para evitar o vazamento desses acordos via Ministério Público Federal, o governo decidiu dar poderes ao BC e à CVM para que centralizem essas investigações na esfera administrativa e só divulguem o que acharem que não oferece risco ao sistema.

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Hoje, órgãos de controle -Ministério Público Federal, AGU (Advocacia-Geral da União) e o Ministério da Transparência- podem negociar acordos de leniência. Procuradores consideram que, com a medida aprovada por Temer, a leniência de instituições financeiras ficará restrita ao BC e à CVM.

DESCONTOS

O texto prevê redução de até dois terços da multa para quem se candidatar primeiro à leniência. Os demais interessados -e que cometeram o mesmo ilícito- terão direito a um terço de desconto da multa.

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Embora tenha aumentado o teto da multa para R$ 2 bilhões, isso só valerá para ilícitos cometidos a partir de agora. O limite vigente para as infrações do passado continua sendo de R$ 250 mil.

A medida também permite que instituições com processos investigatórios em andamento possam firmar um termo de compromisso. Por ele, as instituições aceitam pagar multa, mas não confessam os ilícitos.

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Esses termos ficarão mantidos sob sigilo caso se avalie que sua divulgação ofereça risco ao sistema.

Na Comissão de Valores Mobiliários, o procedimento será similar. As multas, no entanto, serão menores.

POTENCIAL DESTRUIDOR

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Na avaliação do governo, Palocci é o que traz o maior potencial destruidor para o mercado. Sozinho, ele atendeu quatro dos maiores bancos por meio de sua consultoria -Bradesco, Itaú, Santander e BTG Pactual. Ele também conhece os meandros das principais operações controversas envolvendo Caixa, Banco do Brasil e Safra.

Com exceção do Safra, esses bancos formaram consórcio na criação da Sete Brasil, que reproduziu os esquemas de propina da Petrobras na produção de sondas do pré-sal e que hoje está praticamente falida.

O lucros dos seis maiores bancos (BB, Itaú, Caixa, Bradesco, Santander, BTG Pactual e Safra) foi de R$ 17 bilhões em 2016. Somente a indenização exigida pelo Ministério Público Federal da JBS nos crimes praticados foi de R$ 10,3 bilhões.

Questionado sobre os riscos das delações ao sistema financeiro, o BC disse que "a MP não foi elaborada e editada em função de eventos desse tipo". "O seu objetivo é dotar o BC e a CVM de instrumentos de supervisão mais modernos e eficazes."

Disse ainda que a possibilidade de não divulgação do termo de compromisso foi incluída para manter a estabilidade do sistema financeiro.

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