FLAVIA LIMA E RENATA AGOSTINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, lamentou a saída de Maria Silvia Bastos Marques da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Segundo ele, a saída significa a "interrupção de um processo" benigno em um banco que também tenta lidar com a questão do forte crescimento dos gastos públicos. "Isso sempre atrapalha o andamento de assuntos importantes. É mais um sobressalto", disse Barbato.
O executivo ponderou, no entanto, que, uma vez que o ministério da Fazenda segue intacto, a política econômica de maneira mais ampla permanece.
Em nota, Maria Silvia afirmou que deixa a presidência por razões pessoais e que todos os diretores permanecem no cargo e o diretor Ricardo Ramos, pertencente ao quadro de carreira do BNDES, responderá interinamente pela presidência do Banco.
Vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Pedro de Camargo Neto, avalia a saída de Maria Silvia como "muito ruim" especialmente num momento de incertezas para o setor.
A entidade vinha tentando sensibilizar o banco sobre as consequências da delação da JBS para os pecuaristas. E pedia que o BNDES, como sócio da empresa, agisse para manter o mercado de abate de bovinos funcionando.
"Tinha uma esperança de que ela fosse exercitar o papel de banco de desenvolvimento público", afirmou.
Em carta enviada pelo presidente da SRB, Marcelo Vieira, a Maria Silva na quinta (25) pedia que o banco, como acionista da JBS, saísse na frente "na defesa dos interesses econômicos de maneira independente aos acionistas hoje controladores". E citava como prejuízos já decorrentes da crise por que passa a empresa dos Batista a decisão de não mais pagar pecuaristas à vista.
"Ela representava uma esperança. Não acredito numa substituição rápida. Brasília está atônita. Agora vamos ter de esperar o próximo presidente da república", afirmou.
"Lamentamos a saída de Maria Silvia Bastos da presidência do BNDES. Ela é muito competente e estávamos satisfeitos com o profissionalismo e dinamismo que empregou no banco", disse Antonio Megale, presidente da Anfavea (associação nacional das montadoras).
INDÚSTRIA
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Associação Brasileira das Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB) optaram por não comentar a saída de Maria Silvia Bastos Marques da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
No mercado, se falava em pressões do empresariado sobre a nova diretoria do banco de fomento. A percepção seria de que a política de empréstimos de recursos tocada desde que a executiva assumiu o banco não impulsionava o setor industrial, que vinha passando por desafios em meio ao cenário econômico recessivo.
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