ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, ROGÉRIO PAGNAN E WÁLTER NUNES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A greve geral de sexta-feira (28), "a maior paralisação da história do Brasil", pode ter sido só o começo, disse o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP).
"Se o governo não entendeu, vai ter mais", afirmou o parlamentar nesta segunda (1º), na festa da Força Sindical para o Dia do Trabalho.
Presidente da Força, uma das maiores centrais sindicais do país, ele integra a base governista e foi um apoiador de primeira hora do impeachment de Dilma Rousseff (PT) na votação da Câmara, fez uma paródia de "Para Não Dizer que Não Falei de Flores", de Geraldo Vandré ("Dilma, vai embora que o Brasil não quer você/Leve o Lula junto e os vagabundos do PT").
Agora, junta-se a outras centrais historicamente alinhadas ao Partido dos Trabalhadores, como a CUT, no repúdio às reformas trabalhista e previdenciária defendidas pelo presidente Michel Temer.
Faria tudo de novo, disse. "Não me arrependo [de apoiar a saída de Dilma]. A crise é muito profunda, comeu 8,5% de R$ 6 trilhões de PIB nos últimos anos."
Ele defende uma "reforma civilizada". O problema, segundo o deputado, é que "a crise deveria ser dividida", mas, do jeito que as reformas foram colocadas, "são os trabalhadores que pagam".
"Cadê a participação dos banqueiros? Sexta foi só o pontapé."
As propostas de Paulinho vão contra a maré governista. Ele sugere, por exemplo, que a idade mínima para se aposentar seja de 58 anos para mulheres e 60 para homens. A equipe econômica de Temer defende piso de 65 anos para todos.
REUNIÃO
No ato da CUT (Central Única dos Trabalhadores), a possibilidade de uma nova greve geral também foi levantada.
O presidente da central, Vagner Freitas, convocou para uma marcha para Brasília quando a reforma da Previdência for votada no Congresso. "Vamos ocupar Brasília integralmente e não permitir que haja votação que retire nossos direitos. Estou convocando todos e todas aqui a fazerem a maior marcha que a classe trabalhadora já fez", afirmou.
"A continuidade da greve tem que ser construída. Aos companheiros e companheiras, estou propondo que nós façamos uma outra greve talvez", afirmou.
Segundo ele, haverá uma reunião na próxima quinta-feira (4) com as centrais sindicais para debater a questão. "Eu acho que está na ordem do dia tanto a ocupação de Brasília quanto a realização de outra greve geral maior e mais forte para impedir que tenhamos a retirada dos nossos direitos", disse no ato desta segunda.
Em comunicado enviado na tarde desta segunda, a UGT (União Geral dos Trabalhadores) e outras centrais convocaram a população a Ocupar Brasília para pressionar governo e Congresso a reverem as mudanças na legislação trabalhista e na Previdência, conforme antecipou a Folha de S.Paulo.
"Se isso não for suficiente assumimos, neste 1º de Maio, o compromisso de organizar uma reação ainda mais forte", afirma a nota.
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