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Disputa fiscal supera trabalhista em 6 vezes nas maiores empresas

MAELI PRADO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - As 30 maiores companhias de capital aberto do Brasil possuem disputas fiscais que ultrapassam R$ 280 bilhões, um montante 6,2 vezes superior aos processos trabalhistas dessas empresas e 2,7 vezes maior que os cíveis

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 15.04.2017, 02:10:08 Editado em 15.04.2017, 02:10:10
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MAELI PRADO

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - As 30 maiores companhias de capital aberto do Brasil possuem disputas fiscais que ultrapassam R$ 280 bilhões, um montante 6,2 vezes superior aos processos trabalhistas dessas empresas e 2,7 vezes maior que os cíveis.

Levantamento da pesquisadora da Escola de Direito da FGV Ana Teresa Rosa Lopes, com base em balanços de 2014, mostra que, em média, litígios relacionados a tributos equivalem a 32% do valor de mercado das empresas.

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Em casos como o da empresa de telefonia Oi, esse percentual é maior: em 2014, eram R$ 21,5 bilhões em disputas fiscais, para um valor de mercado de R$ 7,4 bilhões, ou 290% do valor das ações.

Para a siderúrgica CSN e a Petrobras, os percentuais eram de 177,7% e 77,3%, respectivamente. A estatal encabeça o ranking das empresas com maior volume de contencioso, contestando mais de R$ 98 bilhões em tributos.

Esse quadro é reflexo da alta complexidade do sistema tributário do Brasil, onde empresas passam mais de 2.000 horas por ano com burocracias para pagar impostos.

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Esse tempo, apesar de ter se reduzido de um ano para cá, ainda é o maior do mundo, segundo estudo da PwC e do Banco Mundial. Há mais de 90 impostos, taxas e contribuições em vigor no Brasil.

"Temos um sistema tributário complexo e inseguro", avalia Lopes. "Todos prefeririam um sistema mais limpo, mas, uma vez que as complexidades estão dadas, as empresas sabem jogar com elas", diz a pesquisadora.

Ela lembra que programas de parcelamentos e perdão de multas como o Refis são recorrentes, o que influencia na decisão de adiar o pagamento por meio de disputas administrativas e judiciais.

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"Se posso interpor recursos que jogarão o pagamento para o futuro, e há expectativa de que um programa de parcelamentos de tributos será lançado, por que não protelar o pagamento?"

Disputas no Brasil demoram porque impostos, taxas e contribuições estão previstos na Constituição. Por isso, é comum que esses casos sejam levados ao STF (Supremo Tribunal Federal) para uma jurisprudência ser estabelecida, o que leva tempo.

Um exemplo é a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, cuja inconstitucionalidade foi decidida em março pelo STF, 18 anos após o recurso chegar ao tribunal.

"Além do custo que esse sistema complexo tem para as empresas, o cenário reprime o interesse de investidores que não estão acostumados a essas regras", diz Lopes. "É muito difícil explicar para japoneses, por exemplo, por que no Brasil se questiona o fisco nesse nível."

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