RENATA AGOSTINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente Michel Temer decidiu recuar da decisão de tirar do Itamaraty o controle da Camex (Câmara de Comércio Exterior), atendendo a pedido do novo chanceler Aloysio Nunes.
O tucano toma posse nesta terça (7) como ministro da Relações Exteriores.
Na segunda (6), o Diário Oficial trouxe decreto de Michel Temer com mudanças no órgão, que tem a palavra final sobre medidas de comércio exterior, como a aplicação de medidas antidumping (tarifas a produtos estrangeiros para evitar danos a empresas nacionais).
Nele, o presidente decidia transferir ao Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) o comando da secretaria-executiva do órgão.
Na prática, o decreto restaurava o desenho original da Camex.
Por meio de uma edição extra do Diário Oficial da União, publicada na tarde desta terça (7), o presidente revogou o ato.
O recuo foi comunicado pessoalmente por Temer na noite de segunda (6) ao ministro da Indústria, Marcos Pereira, presidente licenciado do PRB, sigla que tem comando da pasta.
O retorno da Camex para a esfera do Mdic era um pedido de Pereira, que tem apoio do setor produtivo no pleito.
SURPRESA
A ideia de Temer era aproveitar a saída de José Serra, que renunciou ao cargo há duas semanas, para promover as modificações.
O controle do órgão fora dado ao Itamaraty como parte das negociações para que Serra se tornasse chanceler.
Na ocasião, o tucano exigira ter sob seu domínio a Apex, agência que promove produtos e serviços brasileiros no exterior, e o controle da Camex, que até então estavam sob estrutura do Mdic.
Nunes, escolhido dentro do PSDB para substituir Serra no Itamaraty, não fora comunicado previamente sobre a alteração e não reagiu bem à decisão de Temer.
O presidente decidiu não contrariar o novo chanceler e revogar o decreto.
Lideranças empresariais mostram, nos bastidores, descontentamento com o arranjo.
Argumentam que a maior parte das decisões de interesse do setor produtivo vem do Ministério da Indústria e que a mudança atende apenas a interesses políticos.
O empresariado acompanha de perto a disputa. É da Camex que saem, por exemplo, decisões sobre tarifas de importação e sobre brigas que o país irá comprar com outras nações na OMC (Organização Mundial do Comércio).
VAIVÉM
Esta foi a quarta mudança promovida por Temer na estrutura da Camex.
Prometendo resgatar a importância do órgão, o presidente assumiu inicialmente a presidência do colegiado. Ao mesmo tempo, deslocou a secretaria-executiva, até então com o Mdic, para o Itamaraty.
Pouco tempo depois, contudo, Temer delegou à Casa Civil a presidência da Camex.
Esta semana, decidira devolver à secretaria-executiva ao Mdic -ato que agora irá anular.
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