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Ciberfeministas se organizam para incentivar mulheres na carreira de TI

RICARDO AMPUDIA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma modelo passa em trajes curtos e apertados de uma fantasia de personagem de videogame pelo corredor da Campus Party, uma espécie de ninja verde com máscara de cetim, para a qual as câmeras apontam e os cotov

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 03.02.2017, 16:06:39 Editado em 03.02.2017, 16:10:09
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RICARDO AMPUDIA

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma modelo passa em trajes curtos e apertados de uma fantasia de personagem de videogame pelo corredor da Campus Party, uma espécie de ninja verde com máscara de cetim, para a qual as câmeras apontam e os cotovelos indicam. Apesar da atenção dedicada dos homens presentes, não é esse o papel que as mulheres querem ocupar em um evento de tecnologia.

Na dianteira do ciberfeminismo, como resolveu se chamar a militância das mulheres para ocupar mais protagonismo e respeito na área de TI, estão grupos que querem debater e empoderar garotas a meter a mão no teclado e desenvolver projetos.

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As Arduladies vieram para a feira ensinar como criar projetos com Arduíno, uma pequena placa de circuito eletrônico controlada por software. "Já trabalhei com uma equipe de 160 pessoas, e só duas mulheres", conta a programadora Cristiana de Oliveira, uma das integrantes do grupo.

Isabela Mendes, técnica em eletrônica e entusiasta do Arduíno, afirma que a ausência das mulheres na tecnologia remonta à educação infantil, quando são separados quais são os brinquedos de meninos e meninas. O computador e o videogame sempre são atrelados ao gênero masculino.

"Se a escola mostrasse todas as opções e não restringisse as escolhas das meninas com esse papo de mulheres fazem Humanas; homens, Exatas; teríamos mais presença na área", comenta, enquanto Valentina, 3, filha de uma das meninas do grupo se esgueira por baixo da mesa com dezenas de CPUs.

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Há 26 anos no mercado de TI, a programadora Alline Oliveira diz que já ouviu e sofreu todo tipo de assédio no trabalho. Hoje ela mantém o blog "Machismo em TI", que reúne relatos de mulheres que enfrentam o mesmo tipo de problema e também fomenta o debate. "Percebi que falta falar sobre o assunto, expor os casos, dar apoio jurídico para quem passa por esta situação".

Ela vê mudanças na presença das mulheres no mercado, mas joga luz sobre outro problema: "Vejo que existem mais mulheres sim, mas por décadas eu tenho tentado mostrar que é possível trazer mais meninas para a TI e essa não parece ser a questão. O problema é retê-las na área".

FICA, VAI TER FUTURO

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A permanência das mulheres na tecnologia é uma das lutas do ciberfeminsmo. Segundo as entrevistadas, é comum que muitas desistam ainda durante os estudos ou no início da carreira. Para a jornalista Iana Chan, da PrograMaria, as empresas perceberam o valor de ter um equipe diversa, mas não sabem como lidar com a questão. "Contratam mulheres, mas elas não se sentem acolhidas no ambiente acabam indo embora", comenta.

A programadora Daniela Palumbo, do Pyladies -que desenvolve workshops e oficinas da linguagem Python para mulheres- conta que sua turma na faculdade, que segundo ela já era recordista por ter dez mulheres na sala, foi minguando ao longo dos anos. "Muitas mulheres não têm um referencial dentro da tecnologia, isso desanima. A chave para ela saber que é possível é ter um modelo em quem se espelhar."

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Esse personagem para se inspirar, chamada de "role model", é apontada como uma ferramenta de aproximação das mulheres não só com o tema, mas com a possibilidade de uma carreira de sucesso na área.

Samanta Lopes, do Reprograma, que também atua na mentoria de projetos de startup, traz mulheres em cargos diretores para conversar em sala com garotas em começo de carreira. "Quebra o paradigma de que uma carreira de sucesso em TI é algo inalcançável, reservado a pessoas que são pontos fora da curva. Isso humaniza a liderança", conta.

A astrônoma brasileira Duilia de Mello, que esteve na Campus Party para uma palestra no palco principal, diz que meninas que não se inspiram em outras, acabam se intimidando. "Nós precisamos dizer para elas fazerem ciência, não porque é legal, porque é empoderador, mas porque é possível, porque ela quer e pode".

Nas mesas de workshops e hackatons é nítida a presença de muitas mulheres na Campus Party, mas para as ativistas, ainda é um passo pequeno. "Dá para perceber muito mais mulheres em relação ao ano passado, me orgulha muito, mas a mudança real do mercado ainda leva tempo", comenta Alline, do blog "Machismo em TI". Ela espera que dentro de 5 a 10 anos, o mercado de TI seja 40% de mulheres.

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