RANIER BRAGON
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Por ausência de deputados da sua própria base de apoio, o governo não conseguiu novamente votar a conclusão da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2017 e a liberação de verbas para o programa de financiamento estudantil, o Fies.
Sessão do Congresso convocada para a noite desta quarta-feira (5) acabou encerrada às 2h40 da madrugada desta quinta-feira (6) devido à falta de quorum.
A oposição usou manobras regimentais para esticar ao máximo a sessão -a chamada "obstrução"-, mas a base de apoio de Michel Temer não fez valer a sua ampla maioria no papel.
O fracasso fez até deputados aliados a Temer manifestarem indignação nos microfones.
"O que está acontecendo aqui é uma vergonha para o governo. Nós somos aliados, mas não somos alienados. A senzala está aqui, a Casa Grande não está. Queria propor aos deputados para nos retirar, para que tenhamos respeito, Não somos moleques, não somos criança, não podemos ser tratados como criança", disse o deputado Major Olímpio (SD-SP).
Esperidião Amin (PP-SC) ironizou: "O governo tem que pegar a lista daqueles que ele contratou para ser os zeladores da presença de seus deputados e que se mandaram. Não vou fazer a ilação de que eles saíram pra noite. Não sei onde estão, mas aqui não vieram."
No tempo de sessão, o Congresso apenas confirmou a manutenção de alguns vetos presidenciais, entre eles o que barrou reajuste de servidores.
Na pauta, havia ainda o projeto de autorização de liberação de R$ 401 milhões para a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e de R$ 702,5 milhões para o Fies, o programa de financiamento estudantil do governo federal.
Os deputados e senadores já haviam tentado votar esses temas na terça e em setembro, mas também não houve quorum.
Na questão do Fies, instituições de ensino superior estão há três meses sem receber do governo federal os pagamentos referentes a alunos cadastrados no programa.
A aprovação do projeto pelo Congresso é a condição esperada para a tentativa de normalizar a situação.
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