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Banco Mundial considera ajuste fiscal 'complicado', mas vê recuperação

MARCELO NINIO WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - O ajuste necessário para que o Brasil retome o crescimento é "complicado" porque dois de seus problemas estão interligados, os juros altos e o deficit fiscal. A avaliação é de Augusto de la Torre, economista-ch

Da Redação

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Publicado em 05.10.2016, 16:35:25 Editado em 05.10.2016, 16:40:06
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MARCELO NINIO

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WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - O ajuste necessário para que o Brasil retome o crescimento é "complicado" porque dois de seus problemas estão interligados, os juros altos e o deficit fiscal. A avaliação é de Augusto de la Torre, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, que nesta quarta (5) apresentou o relatório semianual da entidade para a região.

A "boa notícia", segundo ele, é que a América do Sul dá sinais de recuperação econômica, após um períodos de cinco anos de recuo, em meio à queda nos preços das commodities e a desaceleração da China.

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O Banco Mundial elevou suas projeções de crescimento para o Brasil feitas em junho, de uma contração de 4% para 3,2% em 2016. Para o próximo ano a previsão, que era de contração de 0,2%, agora é de expansão de 1,1%.

Os desafios para que a retomada se materialize, porém, ainda são muitos, a começar pela capacidade política do governo de avançar com as reformas necessárias, disse De la Torre.

"Do ponto de vista técnico o processo de ajuste no Brasil é mais complicado, porque o déficit fiscal no Brasil é cerca de 10% do PIB, mas a maior parte é de pagamentos de juros sobre a dívida pública, algo como 8%. No Brasil as políticas monetária e fiscal estão ligadas de maneira complicada", disse o economista.

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Para ele, a tarefa do governo é voltar a ter um superavit primário e criar condições para que os juros baixem. "Se o processo de ajuste fiscal tiver muita credibilidade é possível que a taxa de juros baixe de maneira automática", disse. "O problema é que o tema fiscal é político. A grande questão é se há canais democráticos no Brasil que permitam esse processo fiscal, que o Brasil também não pode fazer da noite para o dia."

Uma das principais recomendações do relatório é que os países da região diversifiquem sua pauta de exportações. De la Torre considera o Brasil um dos mais bem posicionados para isso.

"Se o Brasil resolver seus problemas transitórios na parte econômica e conseguir fazer reformas que lhes dê taxas de juros mais normais, será aberto um espaço enorme para que cresça na base da criatividade de bens e serviços para exportação. Com a vantagem adicional de ter um mercado doméstico muito grande", afirmou.

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Para o economista, as altas taxas de juros no Brasil são "um dos grandes mistérios da América Latina", ao lado da incapacidade do México de crescer. Uma das prioridades do governo brasileiro deve ser uma reforma do sistema financeiro, recomendou.

"O problema da elevada taxa de juros no Brasil vai além das questões fiscais e está relacionado de maneira particular com uma história que está aprisionada ao sistema financeiro", disse. "O sistema financeiro no Brasil é baseado em contratos de prazos muito curtos. Isso cria um equilíbrio que mantém as taxas de juros altas."

Segundo De la Torre, "uma agenda importante para o Brasil é a reforma do sistema financeiro: o que fazer com os bancos públicos, como mover os contratos financeiros para prazos mais longos. Esse tipo de reformas deveriam complementar as fiscais, para ajudar a reduzir as taxas de juros".

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