RAQUEL LANDIM
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O antigo conflito entre a Nippon Steel e a Ternium, sócios controladores da Usiminas, travou a injeção de capital na siderúrgica mineira.
A captação de recursos é condição imposta pelos bancos credores para dilatar os prazos de pagamentos das dívidas da empresa. Se o impasse não for resolvido, a Usiminas pode entrar em recuperação judicial.
Segundo a Folha de S.Paulo apurou, o assunto nem chegou a ser tratado pelo conselho de administração da companhia nesta quarta-feira (17), porque foi cortado da pauta no encontro prévio do bloco de controle. Pelo acordo de acionistas, Nippon e Ternium são obrigadas a votar em consenso.
No encontro dos controladores, que ocorreu um pouco antes da reunião formal do conselho, a diretoria executiva propôs um aumento de capital da Usiminas de cerca de R$ 1 bilhão neste ano, metade para cada sócio.
Os bancos, no entanto, estão pressionando para que o aporte chegue a R$ 4 bilhões.
Se houver um aumento de capital, os principais credores -Banco do Brasil, Itaú e Bradesco- se comprometem a rolar cerca de R$ 4 bilhões em dívidas da Usiminas (R$ 2,4 bilhões vencem nos próximos 12 meses). A dívida total da empresa chega a R$ 8 bilhões.
A Nippon foi favorável ao aumento de capital, porque acredita que apenas uma injeção de recursos pode salvar a companhia, que vem enfrentando um mercado de aço retraído por conta da recessão brasileira. A Usiminas vai divulgar seu balanço de 2015 nesta quinta-feira (18).
Os resultados da empresa até o terceiro trimestre do ano passado, no entanto, não eram favoráveis. Com um prejuízo de quase R$ 2 bilhões em nove meses, a Usiminas estava "queimando" dinheiro. O indicador de geração de caixa ficou negativo em R$ 65 milhões no terceiro trimestre.
A Ternium se declarou contra o aumento de capital, enquanto não houver uma melhora na gestão da Usiminas, que vem sendo considerada pelos analistas lenta na redução de custos. Os sócios ítalo-argentinos solicitaram que a diretoria apresente um plano completo de reestruturação antes de colocar recursos novos.
Outra briga da Ternium é que a subsidiária Mineração Usiminas tem R$ 1,3 bilhão parado no caixa. Dona de 70% da empresa, a Usiminas teria direito a R$ 900 milhões, mas a Sumitomo, que detém os outros 30%, é contra repassar os recursos.
Outra saída para a Usiminas seria vender suas participações nas subsidiárias, que vem sendo oferecidas ao mercado, mas ainda não encontraram comprador.
Nippon e Ternium tiveram uma intensa briga judicial depois que diretores indicados pelos ítalo-argentinos foram afastados pelos japoneses. Desde então, a Ternium não tem mais voz na gestão.
O aporte de capital e o acordo com os bancos para rolar dívidas deve voltar a ser tratado na próxima reunião do conselho da Usiminas em março.
Escrito por Da Redação
Publicado em 17.02.2016, 20:29:38 Editado em 27.04.2020, 19:52:53
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