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Como funciona e para que serve o mercado de juros futuros

Folhapress - 21 de janeiro Veja 6 pontos para entender como funciona e para que serve mercado de juros futuros: 1- O QUE SÃO JUROS FUTUROS? Os chamados juros futuros, negociados na Bolsa de Valores, são as taxas esperadas pelos participantes do

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Escrito por Da Redação
Publicado em 21.01.2016, 13:29:34 Editado em 27.04.2020, 19:53:31
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Folhapress - 21 de janeiro

Veja 6 pontos para entender como funciona e para que serve mercado de juros futuros:

1- O QUE SÃO JUROS FUTUROS? Os chamados juros futuros, negociados na Bolsa de Valores, são as taxas esperadas pelos participantes do mercado de capitais com base na evolução dos indicadores econômicos atuais -inflação, contas públicas, PIB, renda, câmbio etc- para prazos que vão daqui alguns poucos meses até períodos de mais de dez anos.
Por exemplo, se os indicadores atuais levam a crer que a inflação será alta daqui dez anos, espera-se que o país tenha juros elevados em patamar suficiente para trazê-la às metas da época.

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2- JUROS FUTUROS SÃO UM PROBLEMA DO FUTURO? Apesar do nome futuro, isso não quer dizer que essas taxas só existirão (ou se confirmarão) no futuro distante. Essas taxas existem hoje e são a principal referência para os juros de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá daqui dois, três ou dez anos. Ou seja, são as taxas de mercado atualmente em vigor para diferentes prazos.
O próprio Tesouro Nacional, que gerencia o financiamento da dívida pública, terá de aceitar hoje essas taxas de juros futuras projetadas na Bolsa quando vender títulos públicos com vencimento nesses prazos. Ou seja, se o juro para 2025 subiu na Bolsa, o Tesouro pagará mais para refinanciar hoje a dívida do país e isso terá impacto até o vencimento dessa dívida.
Se o Tesouro, por exemplo, já vendeu esse papel meses atrás, quando as taxas projetadas eram menores (isso aconteceu sucessivamente ao longo de 2015), o valor desses títulos serão ajustados para se equipararem com as novas taxas projetadas.
Exemplo: o Tesouro vendeu a R$ 711 um título que valerá R$ 1.000 daqui três anos (nesse caso, o juro embutido é de 12% ao ano). Se a projeção para a taxa daqui três anos subir na Bolsa para 15%, esse papel continuará valendo R$ 1.000, mas seu valor hoje passa a ser R$ 657,52 -desvalorização de 7,5%, que permite a equiparação com a nova taxa. É isso que os investidores chamam de marcação a mercado.
Vale lembrar que, se pessoa ficar com o título até o vencimento, receberá os R$ 1.000 acertados; no entanto, terá em mãos algo que vale menos do que antes.

3- PARA QUE SERVE E PARA QUEM? Além de balizar os juros para diferentes prazos, as taxas futuras representam uma espécie de "seguro" para corrigir eventuais erros -ou indenizar as perdas consequentes de equívocos- nas projeções de estimativas do que acontecerá daqui algum tempo com o custo do dinheiro -os juros.
Quem precisa dessa proteção? Todos os participantes do mercado -empresas, bancos, seguradoras, fundos de pensão etc- quem podem perder muito dinheiro com oscilação nas taxas de juros. Ou seja, a negociação dessas taxas é um "mitigador" de perdas decorrentes do impacto da "oscilação violenta" nas taxas de juros.
Violenta porque o impacto de uma alta de 0,25 ponto nos juros em um ano tem consequências relevantes em prazos longos. Por exemplo, em dez anos o impacto acumulado dessa pequena alta de 0,25 chega a 2,52% e em 30 anos, a 7,78%. Se a alta de juros for de 2,5 pontos percentuais (foi esse o aumento da taxa Selic em 2015), o impacto em dez anos é de 28% e em 30 anos, de 109,757%. Foi essa a variação nos juros dos títulos do Tesouro com esses prazos.

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4- COMO FUNCIONA A PROTEÇÃO? Quem fez um empréstimo, por exemplo, para ser pago daqui cinco anos contanto com juros captados na casa de 15% corre risco de perder dinheiro se as taxas forem para 16%, 17%, 20%; quanto mais subir, maior será a perda. Para mitigar essa perda, o participante que corre esse risco "aposta" na Bolsa que as taxas irão para esse patamar "indesejado". Se o cenário se confirmar, ele perde dinheiro com o empréstimo; por outro lado, ganha na Bolsa e reduz essa perda -é o que chamam de proteção ("hedge", em inglês).
Se o patamar indesejado não se confirmar, não ganha na Bolsa (na verdade, perde o custo dessa transação), mas também não terá prejuízo com esse empréstimo.
Como as taxas não sobem de 15% para 20% de um dia para o outro, a cada período os participantes desse mercado vão pagando eventuais perdas e ganhos com essas projeções -são os ajustes diários exigidos pela Bolsa. Dessa forma, no dia em que a previsão se confirmar, a distância (e o custo) de projeções divergentes não será tão relevante.

5- É POSSÍVEL NEUTRALIZAR TODO O RISCO? Os bancos (e investidores, seguradoras, empresas etc) não fazem um "hedge" para cada operação sensível ou com potencial de perdas. Um empréstimo com juro maior ajuda a equilibrar as perdas potenciais com outro de taxa menor; um volume grande captado com taxa baixa também diminui o custo médio das demais, e assim sucessivamente. Depois de analisar o saldo final de perdas e ganhos, os prejuízos potenciais podem ser em parte (nunca é integralmente) neutralizados com o "hedge" na Bolsa.

6- QUEM FICA COM O RISCO E AS PERDAS? Em tese, assume esse risco algum dos participantes do mercado que acredite ter condições superiores (ou acima da média dos demais) para analisá-lo ou que possa corrê-lo melhor do que quem compra essa proteção. Por exemplo, um especialista nas projeções de inflação ou algum participante que ganhe se as previsões que serão neutralizadas se confirmarem.
Isso é mais evidente no mercado de câmbio. Assume o risco de perda cambial, uma empresa que receba em dólares; se a taxa sobe, a receita cresce e pode pagar quem se prejudicou com isso.

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