A taxa de inadimplência deve voltar a crescer em 2011, podendo ficar entre 5% e 6% e retornar a patamar semelhante ao de 2008, quando era de 5%. A previsão foi feita hoje pelo superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, durante entrevista em que foi apresentado o balanço da entidade em 2010.
Solimeo avalia que o aumento da taxa de juros no próximo ano deverá reduzir o ritmo de criação de novos empregos, o que fará com que a atividade do varejo como um todo caía no próximo ano na comparação com 2010. Neste ano, o comércio deve apresentar crescimento de 10,3% e, em 2011, entre 6,5% e 7%.
Solimeo reforçou a relação entre o emprego e a inadimplência, lembrando que, em setembro, a entidade fez uma pesquisa para medir o impacto do desemprego sobre a inadimplência e chegou à conclusão de que os carnês em atraso e cheques devolvidos, naquele mês, mostravam relação com o período em que as pessoas consultadas estavam desempregadas. Solimeo afirmou que o Banco Central (BC) deve esperar um pouco mais para avaliar os impactos das medidas macroprudenciais, anunciadas no início deste mês, sobre a economia antes de decidir pela elevação da taxa Selic.
"Henrique Meirelles (presidente do BC) foi muito claro de que as medidas macroprudenciais não substituem o aumento dos juros. Nós achamos que eles devem esperar os efeitos das medidas, porque dar um remédio e depois outro pode criar efeitos colaterais", afirmou.
Contradição
A taxa de inadimplência prevista para 2010, de 0,3%, é a menor desde 2000, segundo o superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo. Ele chama a atenção para o fato de que a taxa está praticamente estável, mesmo com o crescimento da concessão de crédito geral na faixa de 20% por dois anos consecutivos.
Solimeo afirma que essa aparente contradição pode ser explicada pelo aumento do emprego formal, da renda e também do alongamento dos prazos de financiamento, o que reduz o valor da prestação e o risco de inadimplência. Nos últimos três anos, 30 milhões de novos CPFs foram incorporados ao cadastro nacional do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). São pessoas que entraram para o mercado de consumo sem carregar dívidas anteriores, de acordo com o superintendente da ACSP.
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