Cerca de 50 mil irlandeses protestaram neste sábado (27) contra o plano de austeridade que o governo pretende aplicar, como parte das contrapartidas exigidas por UE (União Europeia) e FMI (Fundo Monetário Internacional) para liberar o dinheiro de um programa de ajuda ao país.
A marcha, liderada por um grupo de músicos, partiu do rio Liffey em direção ao correio central, local simbólico do centro de Dublin, onde em 1916 foi lida a declaração de independência da Irlanda.
Cerca de 700 policiais e um helicóptero foram mobilizados para manter a segurança.
A manifestação foi convocada pelos sindicatos do país. Segundo Jack O'Connor, presidente do SITPU, principal sindicato irlandês, o plano de austeridade é "uma declaração de guerra contra os trabalhadores que ganham menos".
As medidas de austeridade anunciadas na quarta-feira (24) pelo governo pretendem economizar R$ 34,31 bilhões (15 bilhões de euros) até 2014, através de uma redução do gasto público e de um aumento de impostos.
Além disso, o programa prevê a redução do valor pago pelo seguro-desemprego e por pensões familiares, da mesma forma que as aposentadorias e o salário mínimo. O governo planeja ainda um corte de 25 mil funcionários públicos.
A meta do plano é reduzir para 3% a dívida pública irlandês, que este ano deve chegar a impressionantes 32% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas) nacional. Sua aplicação foi apresentada como condição para que o país seja incluído em um vasto programa de ajuda da UE e do FMI.
O montante exato da ajuda internacional, que deve girar em torno de R$ 194,44 bilhões (85 bilhões de euros), será provavelmente anunciado no domingo (28) ou na segunda-feira (30).
Os ministros das Finanças da zona do euro, e depois dos 27 países da União Europeia, se reunirão amanhã em Bruxelas para discutir o plano de ajuda da UE à Irlanda, informaram neste sábado em Paris fontes ligadas ao bloco. O objetivo do encontro é aprovar o valor final da juda aos irlandeses e fixar as condições do acordo.
A imprensa do país indicou na sexta-feira (26) que a Irlanda pode ter que pagar juros de 6,7% pela ajuda financeira, muito mais que os 5,2% acordados com a Grécia há alguns meses.
Michael Noonan, porta-voz responsável pelo setor de finanças do Fine Gael, o principal partido de oposição, estimou que a taxa é "muito mais elevada e impossível de ser aceita do ponto de vista de uma previsão de crescimento razoável".
- Mesmo que o governo esteja vivendo seus últimos dias, não deve abandonar o interesse nacional e aceitar cláusulas intratáveis nas negociações", afirmou.
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