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Hackers simulam sequestro de robô humanoide

RAPHAEL HERNANDES* CANCÚN, MÉXICO (FOLHAPRESS) - Uma dupla de hackers conseguiu tomar controle de um robô humanoide de 58 cm de altura, voltado a uso doméstico e no comércio. A vulnerabilidade, segundo os especialistas, pode também ser explorada em robôs

Da Redação

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Hackers simulam sequestro de robô humanoide
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Escrito por Da Redação
Publicado em 11.03.2018, 18:15:00 Editado em 11.03.2018, 21:32:44
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RAPHAEL HERNANDES*

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CANCÚN, MÉXICO (FOLHAPRESS) - Uma dupla de hackers conseguiu tomar controle de um robô humanoide de 58 cm de altura, voltado a uso doméstico e no comércio. A vulnerabilidade, segundo os especialistas, pode também ser explorada em robôs industriais.

Para o ataque, eles instalaram na máquina um ransomware —tipo de programa malicioso que toma controle de um equipamento e exige resgate para liberar. Segundo os especialistas, esse é o primeiro ataque desse tipo realizado em robôs.

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Com o domínio, os equipamentos podem ser usados para espionagem (por meio de acesso a câmeras e microfones), roubo de informações e até para ferir seres humanos.

Os ransomwares se tornaram famosos no início de 2017, quando o programa WannaCry se alastrou por computadores em todo o mundo e causou prejuízos a empresas e a governos, principalmente na Europa.

Ele criptografava o conteúdo das máquinas e condicionava a liberação a um pagamento em bitcoins.

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Cesar Terrudo e Lucas Apa, pesquisadores da empresa de segurança digital IOActive, demonstraram na prática esse domínio remoto sobre o robô em vídeo divulgado na manhã desta sexta-feira (9).

No começo da demonstração dos hackers, o pequeno robô comportava-se normalmente, como se estivesse auxiliando em uma loja. Ao perceber a presença de um humano, dizia coisas como “olá, posso ajudar?”.

Após o ataque, que levou menos de 20 segundos, o robô adquiriu um aspecto mais sombrio e até ameaçou a pessoa que estava à frente. “Me dê bitcoins! Robôs amam bitcoins”, passou a dizer.

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O pesquisador Lucas Apa afirma que foram necessárias apenas algumas horas para escrever o programa usado na invasão. “Não foi nada difícil”, diz.

Para reproduzir um ataque como esse, um criminoso precisaria se conectar à mesma rede de computadores que o robô. “Acontece que os robôs normalmente não ficam em redes isoladas, eles se conectam à mesma que todos os outros”, afirma Apa. Isso significa, por exemplo, que um criminoso que acesse o wifi de uma loja que tivesse um robô já estaria na mesma rede que ele.

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Haveria, então, o trabalho de encontrar o robô entre todos os equipamentos conectados. Segundo o especialista, no entanto, há vulnerabilidades nos robôs que permitem facilmente fazer essa identificação.

Em janeiro de 2017, Terrudo e Apa já haviam publicado um artigo no qual alertavam para cerca de 50 vulnerabilidades que encontradas em diferentes robôs de usos domésticos, para o comércio e industriais.

Entre elas estavam a ausência de criptografia e a não exigência de usuário e senha para ter acesso a funções importantes.

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O robô que foi usado na demonstração desta sexta chama-se NAO. Ele é desenvolvido pela SoftBank Robotics e é um dos mais populares do mundo --já vendeu mais de 10 mil unidades pelo mundo, segundo o site da empresa. Ele pode ser encontrado a venda por cerca de R$ 30 mil na internet, em canais não oficiais.

O NAO estava entre os robôs com vulnerabilidades apontadas pelos hackers em 2017. Eles afirmam que os problemas elencados há um ano não foram sanados.

Procurada, a fabricante não esclareceu se já estava ciente das falhas, tampouco se elas já foram corrigidas. Em nota, a SoftBank Robotics recomendou o uso de redes wifi seguras e a configuração de senhas seguras para o equipamento.

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Eles afirmaram também que continuam a melhorar medidas segurança no robô para combater quaisquer riscos que apareçam.

MÁQUINAS MAIORES

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De acordo com Apa, falta força ao NAO para que ele consiga machucar uma pessoa, mas um ataque semelhante poderia afetar máquinas maiores.

Com o acesso remoto, um atacante conseguiria parar a produção de uma fábrica e pedir resgate para liberar. Os equipamentos, mais potentes, poderiam até machucar seres humanos.

Os ambientes mais vulneráveis, explica Apa, são os colaborativos ­ em que humanos e robôs trabalham lado a lado, sem um isolamento físico. “O que protege as pessoas é um software”, afirma.

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ALTA NO USO DE ROBÔS EXPÕE VULNERABILIDADES

PRINCIPAIS FALHAS

* Comunicação insegura: criptografia fraca (ou inexistente) permite interceptar conteúdos que trafegam entre computadores e os robôs

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* Falhas de autenticação: partes importantes na programação dos robôs não exigem usuário e senha, dando acesso a qualquer um

* Baixo controle de privacidade: alguns robôs enviavam dados, como informação de GPS, a servidores externos sem a permissão do usuário

* Configuração padrão: em alguns casos, é impossível trocar senhas padrões dos robôs, ou seja, qualquer um que saiba a senha padrão pode ter acesso ao equipamento

PRINCIPAIS AMEAÇAS

- Acesso a microfone e câmeras, para ciberespionagem

- Acesso à rede à qual o robô está conectado, possibilitando entrada a a outros sistemas e desativar, por exemplo, a segurança de uma casa inteligente

- Acesso a outros dispositivos aos quais o robô se conecta, como celulares

- Conexão direta a outros sistemas, como redes sociais e arquivos na nuvem

- Instalação de programas maliciosos

- Danos físicos a pessoas, por meio da manipulação do robô

Fonte: IOActive

*O jornalista viajou a convite da Kaspersky Lab

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