MAIS LIDAS
VER TODOS

Economia

ATUALIZADA - Operação contra frigoríficos prende 38 e descobre até carne podre à venda

ESTELITA HASS CARAZZAI, BELA MEGALE E CAMILA MATTOSO CURITIBA, PR, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal deflagrou nesta sexta (17) a Operação Carne Fraca, com foco na venda ilegal de carnes por frigoríficos, e deverá cumprir 38 mandados de pris

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 17.03.2017, 12:53:00 Editado em 17.03.2017, 12:55:09
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

ESTELITA HASS CARAZZAI, BELA MEGALE E CAMILA MATTOSO

continua após publicidade

CURITIBA, PR, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal deflagrou nesta sexta (17) a Operação Carne Fraca, com foco na venda ilegal de carnes por frigoríficos, e deverá cumprir 38 mandados de prisão.

Alguns dos principais frigoríficos do país estão na mira da operação, como a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, e a JBS, dona das marcas Seara e Big Frango. A Justiça Federal do Paraná determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão das investigadas. No total, cerca de 30 empresas estão na mira da operação, incluindo fornecedoras dos grandes frigoríficos.

continua após publicidade

O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, também é citado na investigação. Ele aparece em grampo interceptado pela operação conversando com o suposto líder do esquema criminoso, chamando-o de "grande chefe". A PF, porém, não encontrou indícios de ilegalidade na conduta do ministro, que não é investigado.

O objetivo da operação é desarticular uma suposta organização criminosa liderada por fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, que, com o pagamento de propina, facilitavam a produção de produtos adulterados, emitindo certificados sanitários sem fiscalização.

A investigação revelou até mesmo o uso de carnes podres, maquiadas com ácido ascórbico, por alguns frigoríficos, e a re-embalagem de produtos vencidos.

continua após publicidade

Entre os presos, estão executivos da BRF como Roney Nogueira dos Santos, gerente de relações institucionais e governamentais, e André Baldissera, diretor da BRF para o Centro-Oeste.

Também estão na lista funcionários da Seara e do frigorífico Peccin –um dos que tinha irregularidades gravíssimas, como uso de carnes podres, segundo a PF–, além de fiscais do Ministério da Agricultura.

A investigação aponta que os frigoríficos exerciam influência direta no Ministério da Agricultura para escolher os servidores que iriam efetuar as fiscalizações na empresa, por meio do pagamento de vantagens indevidas. Roney dos Santos, executivo da BRF, tinha acesso inclusive ao login e senha do sistema de processos administrativos do órgão, de uso interno.

continua após publicidade

"Parece realismo mágico. Infelizmente, não é", diz o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal do Paraná, que determinou as prisões.

"Dedo", "luva" e "documento" eram alguns dos termos usados pelos fiscais agropecuários para o pedido de propina. Mas até mesmo caixas de carne, frango, pizzas, ração para animais e botas eram dadas em troca da vista grossa na fiscalização, diz o juiz Josegrei.

continua após publicidade

"É um cenário desolador", afirma Josegrei. "Resta claro o poderio de intimidação, de influência e de uso abusivo dos cargos públicos que ostentam para se locupletarem, recebendo somas variáveis de dinheiro e benesses in natura das empresas que deveriam fiscalizar com isenção e profissionalismo."

De acordo com a Receita Federal, que também participa da investigação, os fiscais valeram-se de distribuição de lucros e dividendos de empresas fantasmas, da montagem de redes de fast food em nome de testas de ferro e da compra de imóveis em nome de terceiros para esconder o aumento de patrimônio.

O líder do esquema, segundo a PF, era o fiscal Daniel Gonçalves Filho, que foi superintendente do escritório do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016.

continua após publicidade

Ele atuava em parceria com pelo menos outros oito servidores do órgão, além de Flávio Evers Cassou, atual executivo da Seara Alimentos, ligada à JBS, que também atuou como fiscal agropecuário entre 2009 e 2014.

Estão sendo cumpridos 27 mandados de prisão preventiva, 11 de temporária (válida por cinco dias) e 194 buscas e apreensões. A PF ainda não tinha um balanço da operação até o meio-dia desta sexta (17).

MAIOR OPERAÇÃO

continua após publicidade

Segundo a PF, essa é a maior operação já realizada na história da instituição. Foram mobilizados 1.100 policiais em seis Estados (Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás) e no Distrito Federal.

Em nota, a Polícia Federal afirma que detectou em quase dois anos de investigação que as superintendências regionais do Ministério da Pesca e Agricultura dos Estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam para proteger empresas, prejudicado o interesse público.

continua após publicidade

O esquema, ainda segundo os investigadores, funcionava por meio de agentes públicos que se utilizavam do poder de fiscalização para cobrar propina e, em contrapartida, facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização.

Dentre as ilegalidades praticadas pela suposta quadrilha está a remoção de agentes públicos com desvio de finalidade para atender interesses dos grupos empresariais.

O nome "Carne Fraca" da operação faz alusão à conhecida expressão popular em sintonia com a própria qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor por grandes grupos corporativos do ramo alimentício.

continua após publicidade

A expressão popular também mostra "a fragilidade moral de agentes públicos federais que deveriam zelar e fiscalizar a qualidade dos alimentos fornecidos a sociedade".

OUTRO LADO

A JBS, por meio de sua assessoria, afirma em nota que a empresa "e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas".

continua após publicidade

"A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos –seja na produção e/ou comercialização– e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos", diz a nota.

A reportagem entrou em contato com a BRF, o frigorífico Peccin e o Ministério da Agricultura, mas não obteve resposta.

continua após publicidade

- Empresas sob investigação:

1. Santa Ana Comercio De Alimentos LTDA

2. Dalchem Gestão Empresarial LTDA

continua após publicidade

3. Fênix Fertilizantes LTDA

4. Doggato Clínica Veterinária LTDA ME,

5. Unifrango Agroindustrial S/A, Mc Artacho Cia Ltda

continua após publicidade

6. Frigomax - Frigorifico E Comercio De Carnes Ltda

7. Smartmeal Comercio de Alimentos LTDA

continua após publicidade

8. Sub Royal Comercio De Alimentos

9. Unidos Comércio De Alimentos Ltda

10. Bio-Tee Sul Am. Ind. De Prod. Quím. E Op. Ltda, Primor Beef

continua após publicidade

11. Jjz Alimentos S.A

12. Peccin Agro Industrial Ltda

13. Uru Pfp-produtos Frigorificados Peccin Ltda

continua após publicidade

14. Frigorífico Souza Ramos LTDA

15. Big Frango Indústria E Com. De Alimentos Ltda

continua após publicidade

16. Principio-Alimentos Ltda Me

17. Frigorífico Rainha da Paz

18. Frango a Gosto

continua após publicidade

19. Frigorífico 3D

20. Jaguafrangos Industria E Com. De Alimentos Ltda

21. Pavin Fertil Industria E Transporte Ltda

continua após publicidade

22. Primocal ind. E com. De fertilizantes ltda

23. Fortesolo Servicos Integrados Ltda

continua após publicidade

24. Fratelli E.H. Constantino

25. Sidnei Donizeti Bottazzari ME

26. Medeiros, Emerick & Advogados Associados

continua após publicidade

27. Seara Alimentos LTDA

28. Dagranja Agroindustrial LTDA

29. Frigorífico Argus LTDA

continua após publicidade

30. BRF - BRASIL FOODS

31. JBS S/A

continua após publicidade

32. Multicarnes Representacoes Comerciais Ltda

- Pessoas com prisão preventiva decretada:

1. Carlos Cesar - fiscal agropecuário

continua após publicidade

2. Daniel Gonçalves Filho - fiscal agropecuário apontado como líder do esquema

3. Eraldo Cavalcanti Sobrinho - fiscal agropecuário

4. Fabio Zanon Simão - assessor parlamentar do Ministério da Agricultura

continua após publicidade

5. Flavio Evers Cassou - funcionário da Seara, ligada à JBS, e ex-fiscal agropecuário

6. Gercio Luiz Bonesi - fiscal agropecuário

continua após publicidade

7. Gil Bueno de Magalhães - atual superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná

8. Idair Antonio Piccin - proprietário do frigorífico Peccin

9. José Eduardo Nogalli Giannetti - funcionário do frigorífico Peccin

continua após publicidade

10. Josenei Manoel Pinto - fiscal agropecuário

11. Juarez José De Santana - fiscal agropecuário chefe da unidade de Londrina

12. Luiz Carlos Zanon Junior - fiscal agropecuário

13. Maria Do Rocio Nascimento - fiscal agropecuário

14. Nair Klein Piccin - sócia do frigorífico Peccin

15. Nilson Alves Ribeiro - sócio do Frigobeto Frigoríficos

16. Nilson Umberto Saccheli Ribeiro - pai de Nilson Alves Ribeiro, sócio do Frigobeto Frigoríficos

17 Normélio Peccin Filho - sócio do frigorífico Peccin

18. Paulo Rogério Sposito - dono do frigorífico Larissa

19. Renato Menon - fiscal agropecuário

20. Roberto Brasiliano Da Silva - ex-assessor parlamentar envolvido no esquema dos fiscais

21. Roney Nogueira Dos Santos - gerente de Relações Institucionais da BRF

22. Sebastião Machado Ferreira - fiscal agropecuário

23. Sergio Antonio De Bassi Pianaro - fiscal agropecuário

24. Tarcísio Almeida De Freitas - fiscal agropecuário

25. André Luis Baldissera - diretor da BRF para o Centro-Oeste

26. Dinis Lourenço Da Silva - fiscal agropecuário em Goiás

- Pessoas com prisão temporária decretada:

1. Alice Mitico Nojiri Gonçalves - mulher do fiscal apontado como líder do esquema

2. Brandízio Dario Junior - fiscal agropecuário

3. Celso Dittert De Camargo - fiscal agropecuário

4. Leomar José Sarti - funcionário da Codapar (Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná)

5. Luiz Alberto Patzer - fiscal agropecuário

6. Marcelo Tursi Toledo - fiscal agropecuário

7. Osvaldo José Antoniassi - fiscal agropecuário

8. Rafael Nojiri Gonçalves - filho do fiscal apontado como líder do esquema

9. Sidiomar De Campos - funcionário do MAPA em Londrina

10. Antonio Garcez Da Luz - fiscal agropecuário

11. Mariana Bertipaglia De Santana - sócia de um frigorífico

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Economia

    Deixe seu comentário sobre: "ATUALIZADA - Operação contra frigoríficos prende 38 e descobre até carne podre à venda"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!