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Nota de 100 pesos sem força expõe inflação argentina

A efígie de Julio A. Roca, general e presidente argentino do século 19, está desprestigiada, embora decore as notas de 100 pesos, as de maior numeração, em circulação na Argentina há duas décadas. Apesar disso, essas cédulas têm um poder de compra cada

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 22.08.2010, 12:30:00 Editado em 27.04.2020, 20:58:15
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A efígie de Julio A. Roca, general e presidente argentino do século 19, está desprestigiada, embora decore as notas de 100 pesos, as de maior numeração, em circulação na Argentina há duas décadas. Apesar disso, essas cédulas têm um poder de compra cada vez menor por causa da escalada inflacionária que assola o país.

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Segundo o economista Ricardo Delgado, da consultoria Analytica, ao longo da última meia década as notas de 100 pesos sofreram desvalorização de mais de 50%. Mas, embora exista a necessidade de notas com maiores números, o governo da presidente Cristina Kirchner - que nega a existência da escalada inflacionária - rejeita a ideia de emitir cédulas de 200 ou 500 pesos.

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Em 2005, antes do início desse ciclo inflacionário, as notas de 100 pesos constituíam 35% do total de cédulas em circulação na Argentina. Atualmente, essas cédulas representam 46% do total do papel-moeda, fato que indica que essas notas estão sendo cada vez mais requisitadas. Hoje, o governo emite maior volume de notas de 100 pesos e menos de 20 e 50.

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Susana Andrada, presidente do Centro de Educação de Consumidores, considera que o Banco Central tenta evitar a emissão de uma nova nota. Segundo os especialistas, isso implicaria em admitir que o valor da maior nota existente não é suficiente para a maioria das compras feitas pelos argentinos. Portanto, teria de confessar que a inflação real é maior que a oficial.

O economista Fausto Spotorno, da consultoria Orlando Ferreres e Associados, afirma que desde a crise de 2001 até junho deste ano a Argentina teve uma inflação acumulada real de 244%. Por esse motivo, afirma, o governo "pelo menos poderia emitir uma nota de 200 pesos".

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Susana, defensora dos consumidores, sustenta que em 2008 um argentino gastava uma nota de 100 em três dias. "Atualmente gasta em 24 horas."

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As moedas de um peso também estão com a utilidade comprometida. Cada vez mais, sozinhas, compram ou pagam muito pouco. Atualmente, com um peso uma pessoa pode pagar uma passagem de trem do bairro de Liniers, na fronteira da cidade de Buenos Aires, até a estação de Once, no centro da capital. Nos quiosques da estação, com um peso pode-se comprar poucas unidades de balas e chicletes.

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Oficial e real

O Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), organismo sob intervenção federal há mais de três anos, anunciou que a inflação de julho foi de 0,8%. Na contramão, economistas independentes, sindicatos não alinhados com o governo e associações de defesa de consumidores afirmam que a administração de Cristina Kirchner maquia o índice e sustentam que a inflação real de julho teria sido de 1,7% a 2%.

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Segundo a consultoria Estudio Bein, a inflação acumulada nos primeiros sete meses deste ano é de 13,5%. A consultoria Ecolatina calcula a alta em 15,6%. Mas, de acordo com os números do governo anunciados na sexta-feira, a inflação acumulada desde janeiro seria de 6,7%. Desta forma, a inflação registrada pelo governo ultrapassa as estimativas feitas no Orçamento de 2010: 6,1%. Os economistas independentes dizem que a inflação neste ano será superior a 28%.

O jornaleiro Juan Carlos Brescia, 60 anos, diz que ri quando vê os números oficias de inflação divulgados pelo governo. "Esses números estão longe da realidade dos trabalhadores", sustenta, enquanto arruma as revistas em sua banca. "Muitos clientes passam pela frente da banca e dizem 'oi!', mas não compram nada por causa da alta de preços".

Pesquisa do Centro de Economia Regional e Experimental (Cerx) indica que 72,7% dos argentinos sentem-se pobres, pois o dinheiro que ganham acaba antes do fim do mês. A proporção de pessoas que sentem "pobreza subjetiva", segundo o Cerx, era de 63,3% no ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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