BRASÍLIA, DF - O Banco Central informou nesta quarta-feira (24) que houve grande entrada de dólares no país nos últimos dias. Até o último dia 11, o Brasil registrava, em setembro, mais saídas do que ingressos de moeda estrangeira. O saldo estava negativo em US$ 327 milhões no mês.
Desde o dia 12, no entanto, houve uma mudança nessa tendência. Com isso, até última segunda-feira (22), o saldo do mês estava positivo em US$ 4,3 bilhões. Se o resultado se mantiver nesse nível, será o maior ingresso de recursos desde maio do ano passado (US$ 11 bilhões).
Em relação à origem do dinheiro, US$ 3 bilhões se referem a operações financeiras. O restante, ao comércio exterior. Os números da instituição mostram ainda que o saldo de investimentos estrangeiros está positivo tanto nas aplicações financeiras (US$ 1,1 bilhão em ações e US$ 2,7 bilhões em títulos de renda fixa) como nos recursos direcionados a investimentos diretos em empresas (US$ 2,1 bilhões).
INTERVENÇÕES
Apesar dessa entrada de dinheiro, o dólar superou na terça-feira (23) a marca de US$ 2,40 pela primeira vez desde fevereiro. Isso levou o BC a praticamente dobrar as intervenções no mercado de câmbio a partir desta quarta-feira (24).
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou mais cedo que as intervenções no câmbio continuam tendo como objetivo reduzir a volatilidade nas cotações.
"O BC atua no mercado de câmbio sempre que julga necessário", afirmou.
"As atuações do BC têm essa diretriz de assegurar o perfeito funcionamento do mercado, garantir fluidez e reduzir a volatilidade. É nesse mesmo sentido que o BC vem atuando há algum tempo."
CONTAS EXTERNAS
O Banco Central revisou nesta quarta-feira (24) sua projeção para as exportações brasileiras em 2014 de US$ 245 bilhões para US$ 240 bilhões. A nova previsão está abaixo do verificado em todo o ano de 2013 (US$ 242 bilhões).
A instituição também reviu a expectativa em relação às importações, de US$ 240 bilhões para US$ 237 bilhões. No ano passado, as compras de produtos do exterior somaram US$ 239,6 bilhões.
O saldo da balança comercial, ou seja, a diferença entre exportações e importações, deve ficar em US$ 3 bilhões neste ano pela projeção do BC, abaixo dos US$ 5 bilhões projetados anteriormente.
No ano passado, o saldo comercial ficou em US$ 2,4 bilhões.
A revisão das projeções, que é feita trimestralmente pelo BC, se deve aos resultados abaixo do esperado nos últimos meses. No ano, as exportações estão caindo 1,7%, e as importações, 4,1%.
Maciel afirmou que houve queda nos preços de produtos importantes da pauta exportadora, como minério de ferro, celulose e açúcar.
DEFICIT
O BC também manteve a projeção de deficit nas transações com o exterior em US$ 80 bilhões (3,5% do PIB) e de IED (Investimento Estrangeiro Direto) em US$ 63 bilhões (2,8% do PIB).
Maciel afirmou que o deficit em 12 meses está praticamente estabilizado desde o ano passado -em 3,6% do PIB, maior patamar desde 2001- e que o IED continua sendo suficiente para financiar cerca de 80% do deficit externo. Portanto, segundo ele, não há problemas de financiamento dessa conta.
"Os investimentos continuam afluindo, ligados a oportunidades que os empresários veem no país e estão disseminados em diversas atividades", afirmou.
Maciel disse também que o investimento direto, não tem sido influenciado pelo calendário eleitoral, nem agora nem nos últimos anos.
"As decisões associadas a IED são mais de longo prazo. Não são de curo prazo. São menos influenciadas pelo calendário eleitoral."
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