O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) lançou, nesta quinta-feira (10), durante o Programa de Interiorização do Governo em Londrina, o café IPR 107. “Os benefícios também são ambientais, tendo em vista que essa variedade tem maior resistência à ferrugem, reduzindo a necessidade da aplicação de agrotóxicos”, disse o secretário da Agricultura e Abastecimento, Ericson Chandoha.
O diretor-presidente do Iapar, José Augusto Teixeira de Freitas Picheth, disse que esta é a 14.ª variedade já produzida pelo instituto, em 38 anos. “Neste período aumentamos sete vezes a produtividade do café, mantendo sempre as melhores colocações nos concursos nacionais que avaliam a qualidade do grão.” A nova variedade é resultado do cruzamento entre as cultivares Iapar 59 e Mundo Novo (IAC 376-4). O Iapar 59 foi a primeira variedade lançada no Paraná pelo Iapar em 1994 e o Mundo Novo é uma variedade tradicional desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas.
A nova cultivar alia as características de rusticidade do Mundo Novo com a variedade de porte baixo do Iapar 59, e apresenta uma bebida de aroma e sabor acentuados, acidez moderada e encorpada. “A combinação das cultivares originou em uma planta bem vigorosa, com frutos de melhor qualidade e resistente à ferrugem,” explica o pesquisador Tumoru Sera, da área de melhoramento. Ele contou que foi usado o método genealógico a partir da hibridação das duas sementes.
CUSTOS – A pesquisa também se preocupou com os custos da produção. Sera salienta que a nova cultivar tem manejo econômico. Para o cultivo bem-sucedido, são recomendadas medidas como calagem anual, adubação e correção de solo, além de manter o solo com bom teor de matéria orgânica, entre outras medidas que visam a melhor preservação do solo.
O pesquisador Armando Androciolli, líder do Programa Café do Iapar, observa que a produtividade na cafeicultura do Paraná é uma das mais altas entre os Estados, em torno de 245 sacas por hectare. Uma das metas do programa é tornar a cafeicultura mais ecológica, reduzindo a quantidade do uso de defensivos no campo, desenvolvendo plantas mais resistentes às pragas, aliando tudo isso a uma melhor qualidade do produto.
O diretor técnico-científico do Iapar, Arnaldo Colozzi, destaca que com esse lançamento, o instituto inova mais uma vez, proporcionando opções de cultivo para a cafeicultura paranaense, o que a mantém em situação de competitividade com a cafeicultura nacional.
CONDIÇÕES – De acordo com Sera, que iniciou as pesquisas em 1982, para se obter o potencial de qualidade das cultivares com ascendência híbrida devem ser respeitadas suas características fisiológicas, com cuidados especiais no manejo, utilização racional do espaçamento e adubação equilibrada. Segundo ele, materiais que levaram 30 anos de seleção muitas vezes não apresentam o potencial de qualidade esperado devido a manejos inadequados.
O plantio da nova cultivar é indicado para áreas cafeeiras com solos de textura argilosa e com temperatura média anual entre 19oC e 22oC. Plantadas nestas condições, sua produtividade é excelente podendo alcançar, em média nos quatro primeiros anos de colheitas, 60 kg/grãos/ha.
O pesquisador observa que o espaçamento de plantio é vital para o sucesso da cultivar, pois é o que definirá seu potencial produtivo-qualitativo. Ele recomenda cafezais em propriedades familiares até cinco hectares com espaçamento de 2 m entre as filas x 0,5 m entre as plantas; em propriedades de 10 hectares a 100 hectares, é aconselhável espaçamento de 2,5 m entre as filas x 0,5 m entre as plantas; e em propriedades maiores de 200 hectares: 3 m entre as filas x 0,5 m entre as plantas.
Deixe seu comentário sobre: "Iapar lança variedade híbrida de café resistente à ferrugem"