O dólar teve ontem (29) a maior queda ante o real no ano, influenciado pelo comportamento do mercado internacional de câmbio e pela forte alta das commodities. A moeda americana caiu 1,69%, para R$ 1,799. No mês, o dólar acumula queda de 0,44%.
No momento em que o mercado local fechava, o dólar tinha baixa de 0,45% ante uma cesta com as principais divisas, o índice Reuters-Jefferies de commodities subia 2% e o Ibovespa tinha alta de 1,6%. A queda desta segunda é a maior registrada em uma sessão desde o dia 1° de dezembro do ano passado.
"O dólar não está está baixando só em relação ao real", disse o gerente de câmbio de um banco nacional, que preferiu não ser identificado.
O principal motivo para o otimismo no mercado internacional era a emissão de um bônus de sete anos pela Grécia. Foi a primeira operação do tipo feita pelo país após o anúncio de um plano de ajuda financeira por integrantes da zona do euro.
A intensidade da queda do dólar nesta sessão anulou a alta de 1,1% de sexta-feira, quando o mercado local divergiu do cenário global principalmente por causa de ajustes de bancos e investidores estrangeiros.
O volume de operações no mercado à vista superou US$ 4 bilhões, de acordo com dados parciais da clearing (câmara de compensação) da BM&FBovespa. Nas últimas três sessões, o volume ficou por volta de US$ 2 bilhões.
Cenário externo e perspectiva de fluxo
ï»O movimento também restaurou o que o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Aldo Mendes, vê como a principal influência para a taxa de câmbio atualmente: o cenário global de risco.
"Ao contrário do que pode indicar o senso comum, o fluxo cambial não forma a taxa de câmbio. A variação do câmbio se deve à percepção de risco da economia global", disse Mendes em evento na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Ele ainda classificou o real como uma "commodity global" em razão da sua reação a cenários de risco.
O fluxo cambial em março está negativo em US$ 2,345 bilhões, segundo dados referentes até o dia 19. No período, a moeda caiu 1,55%.
Segundo Mendes, responsável pelos leilões de compra de dólares pelo BC, a maior influência do fluxo sobre a cotação se dá ainda antes dele se concretizar. Com a perspectiva de ingressos ou de saídas, o mercado se antecipa e abre posições compradas ou vendidas.
Desde o início de março, agentes de mercado têm dito que bancos estão antecipando entradas previstas, vendendo dólares ao BC e abrindo posições vendidas em moeda estrangeira.
Esta sessão reservou mais anúncios referentes a possíveis entradas. O Santander Brasil deve captar pelo menos US$ 500 milhões em uma emissão de bônus de cinco anos, de acordo com o IFR, serviço de informações financeiras da Thomson Reuters. Além disso, a Júlio Simões Logística pode movimentar no curto prazo até R$ 1,036 bilhão em uma oferta primária de ações.
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