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Analistas se dividem quanto a resultado do PIB

O bom resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre do ano, divulgado nesta sexta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não é suficiente para indicar uma recuperação robusta, avalia o economista do Institu

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 30.08.2013, 12:00:02 Editado em 27.04.2020, 20:25:24
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O bom resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre do ano, divulgado nesta sexta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não é suficiente para indicar uma recuperação robusta, avalia o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) Vinícius Botelho. "Na verdade, são muito poucos os indicadores favoráveis para o terceiro trimestre. O resultado de hoje não revisa as nossas expectativas para frente positivamente, é pontual", afirmou. A instituição projeta crescimento de 2% do PIB no fechamento do ano.

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O Ibre trabalhava com alta de 0,6% no segundo trimestre na margem, mas a alta foi de 1,5%. Para Botelho, a surpresa veio do setor de serviços, que cresceu 0,8% na mesma base de comparação, ante previsão de 0,4% da instituição. "É difícil fazer projeções para esse setor, temos poucos indicadores", afirmou, lembrando que o peso do setor de serviços no PIB é de "quase 60%".

Segundo o economista, há indicadores que apontam para uma produção industrial de julho negativa e dados setoriais ruins fazem com que o Ibre tenha "dificuldade de encarar o resultado do segundo trimestre como uma recuperação robusta".

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A alta de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), de 3,6% na margem e de 6% no semestre, é consequência de incentivos governamentais como o Programa para Sustentação do Investimento (PSI), de acordo com Botelho. "Alguns incentivos governamentais estão favorecendo esse resultado e a indústria de caminhões está devolvendo o resultado muito baixo do ano passado", observou. ( -

'Número forte'

Na avaliação do economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, o crescimento de 1,5% equivale a uma taxa anualizada de 6,1% e "é um número forte". "A surpresa foi o dado da exportação", disse. "Depois de dois trimestres contribuindo negativamente, foi o primeiro que contribuiu positivamente, então isso é uma boa notícia", acrescentou.

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Souza Leal também ressaltou o resultado dos investimentos, ainda que o crescimento de 3,6% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) tenha sido menor do que o registrado no primeiro trimestre (4,6%, também na margem). "No lado da oferta, a surpresa veio da agricultura, mais forte do que estávamos esperando", afirmou ele, referindo-se à alta de 3,9% do PIB da agropecuária.

"O terceiro trimestre será fraco", ponderou Souza Leal, lembrando que dados preliminares mostram queda da produção industrial em julho e recuperação em agosto. "A sensação que deu, pelos indicadores de confiança, é de que a economia deu uma travada em julho e isso vai se refletir em agosto em setembro. No entanto, eu não acredito em PIB negativo, mas próximo de zero (no terceiro trimestre)", disse.

Segundo o economista do ABC, "pelo carrego importante, o resultado (de hoje) praticamente descarta um PIB abaixo de 2% neste ano". "Teria de ter recessão no segundo semestre para isso ocorrer. Se o PIB crescer zero no terceiro trimestre e zero no quatro, 2,5% já estão garantidos", destacou. "Para o PIB fechado de 2013, eu esperava 2,3% e é provável que suba isso".

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No que diz respeito à política monetária, Souza Leal afirmou que o dado "bom" traz "tranquilidade". "Para um BC que está em processo de elevação de juros, um PIB bom é melhor que um ruim. Mas não muda a trajetória de política monetária, porque a dúvida é a consequência da parada de julho para a economia e essa resposta esse PIB não dá". Ele espera um aumento de 0,5 ponto porcentual da Selic em outubro e mais 0,25 em novembro.

'Efeito líquido positivo'

O economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, diz que o setor externo puxou para cima o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2013. Ele também ressaltou os crescimentos de 6,9% das exportações e de 0,6% das importações, na margem, quem diz, teriam gerado um "efeito líquido positivo". "O efeito líquido soma de 0,5 a 0,6 ponto porcentual do total de 1,5%", disse. Serrano destacou ainda os desempenhos da agropecuária e da indústria. "Foram os dois setores beneficiados por essa maior demanda global".

Serrano chamou a atenção para uma mudança na composição relativa do PIB. "Fazia tempo que a gente vinha observando a demanda doméstica crescendo acima do PIB e o setor externo dando contribuição negativa, com importações crescendo mais do que exportações", disse. "Há de fato alguma desaceleração no consumo", acrescentou.

Com a perda de força da demanda doméstica, afirmou, o entendimento é o de que está diminuindo a pressão inflacionária. "O que se vê é ampliação da oferta agregada e redução da demanda agregada. O PIB cresceu acima da demanda agregada e fazia tempo que isso não acontecia", destacou. Na avaliação dele, o resultado anunciado nesta sexta-feira começa a "afugentar as chances de um PIB abaixo de 2% em 2013".

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