Por Anderson Figo
SÃO PAULO, SP, 28 de agosto (Folhapress) - Prevendo uma nova onda de inflação no Brasil, o mercado aposta em uma elevação de 0,5 ponto percentual no juro básico (taxa Selic) na noite de hoje, de 8,5% para 9% ao ano. Com a Selic nesse patamar, a poupança continuaria mais atraente que a maioria dos fundos de renda fixa considerando o ganho líquido mensal, que desconta taxas cobradas e impostos. É o que mostra levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Na comparação, a caderneta volta a render 0,5% mês mais TR (Taxa Referencial), uma vez que a Selic está acima de 8,5% ao ano.
Pela norma vigente desde 4 de maio de 2012, depósitos feitos na caderneta a partir dessa data rendem 70% da Selic mais a TR sempre que o juro básico for menor ou igual a 8,5% ao ano. E têm remuneração de 0,5% ao mês (ou 6,17% ao ano) mais a TR quando o juro estiver acima desse nível.
Para depósitos anteriores a 4 de maio de 2012, o rendimento é sempre de 0,5% ao mês mais a TR.
Segundo a Anefac, a poupança, com rentabilidade de 0,54% ao mês, ganha de todos os fundos de renda fixa com taxa de administração a partir de 1,5% ao ano, independentemente do prazo para resgate dos recursos. Já os fundos que cobram 1% ao ano de taxa só pagam mais se o saque for feito após dois anos.
E produtos que cobram 0,5% ao ano -normalmente, em aplicações acima de R$ 50 mil- vencem da poupança para saques a partir de seis meses.
Para o planejador financeiro Mauro Calil, porém, o investimento na poupança só é recomendável a quem pretende usar o dinheiro em um horizonte de seis meses, no máximo um ano, ou a quem possui poucos recursos diponíveis para investimento.
"Embora o rendimento da poupança permaneça maior que a maioria dos fundos de renda fixa, o investidor consegue encontrar melhores retornos de longo prazo em outros tipos de investimento", diz. "Mas é preciso pensar em um horizonte de, no mínimo, cinco anos".
A planejadora financeira e colunista da Folha de S.Paulo, Marcia Dessen, explica que o que pesa na hora de o investidor escolher a caderneta de poupança -mesmo sabendo que seu rendimento poderia ser um pouco maior em outras aplicações- é a comodidade.
"Ele se sente mais seguro na poupança, pela simplicidade operacional", diz. "Além disso, a caderneta é um investimento de elevada liquidez -ou seja, o investidor consegue resgatar o dinheiro a qualquer momento, sem custo e sem cobrança de Imposto de Renda", acrescenta a especialista.
Alta Menor
Mesmo que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) surpreenda nesta noite e opte por um aumento de apenas 0,25 ponto percentual na Selic, levando a taxa a 8,75% ao ano, a poupança continuaria mais atraente que a maioria dos fundos de renda fixa.
Com a Selic nesse patamar, a caderneta teria rendimento de 0,52% ao mês, ganhando de todos os fundos de renda fixa com taxa de administração a partir de 1,5% ao ano, independentemente do prazo para resgate dos recursos.
Já os fundos que cobram 1% ao ano de taxa só pagam mais se o saque for feito após dois anos. Se o prazo de resgate for entre um e dois anos, o rendimento seria o mesmo.
E produtos que cobram 0,5% ao ano -normalmente, em aplicações acima de R$ 50 mil- vencem da poupança para saques a partir de seis meses.
Investimentos
Com os juros em alta, as aplicações em renda fixa, como o Tesouro Direto, por exemplo, cujos papéis remuneram levando em conta a Selic, ficam mais atraentes.
O cenário de alta da Selic é propício para que o investidor troque os papéis prefixados por pós-fixados.
Os títulos prefixados, como as LTNs (Letras do Tesouro Nacional), têm uma rentabilidade predeterminada. Ou seja, quem aplica já sabe quanto receberá no vencimento do contrato.
Nos pós-fixados, como as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional da Série B), a remuneração não é definida de antemão.
Para Luiz Monteiro, especialista em renda fixa da gestora Queluz, as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) são boa opção de pós-fixados, pois o rendimento é atrelado a indicadores econômicos, como a própria Selic.
Por outro lado, o aperto no crédito freia o crescimento econômico, o que tem reflexo negativo na Bolsa.
Mesmo assim, especialistas lembram que também há boas oportunidades no mercado acionário, mas é preciso garimpar as melhores opções.
"Existem setores voltados ao mercado brasileiro que estão tendo um desempenho positivo e deverão manter esse ritmo", avalia Pedro Galdi, da SLW Corretora. "É o caso de educação e saúde".
Escrito por Da Redação
Publicado em 28.08.2013, 14:58:00 Editado em 27.04.2020, 20:25:30
Siga o TNOnline no Google NewsContinua após publicidade
continua após publicidade
Deixe seu comentário sobre: "Com provável alta do juro, poupança paga mais que fundo de renda fixa"