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Porto do Açu sai do papel e atrai investimentos

A vida parece passar devagar no cenário rural de São João da Barra, no Norte Fluminense, com pouco mais de 30 mil habitantes. Mas um intenso vai e vem de caminhões novos em folha com carrocerias duplas revela que as coisas estão mudando rapidamente. De

Da Redação

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 Complexo industrial começa a virar realidade
Icone Camera Foto por Tasso Marcelo/AE
Complexo industrial começa a virar realidade
Escrito por Da Redação
Publicado em 18.04.2010, 13:52:00 Editado em 27.04.2020, 21:02:47
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A vida parece passar devagar no cenário rural de São João da Barra, no Norte Fluminense, com pouco mais de 30 mil habitantes. Mas um intenso vai e vem de caminhões novos em folha com carrocerias duplas revela que as coisas estão mudando rapidamente. De vez em quando, eles param diante de boiadas que cruzam o asfalto da rodovia de 26 quilômetros pavimentada pelo empresário Eike Batista para dar acesso ao seu Porto do Açu, que prevê um volume recorde de investimentos: US$ 40 bilhões.

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Em apenas 15 anos, o homem mais rico do País promete erguer na Praia do Açu, até há pouco tempo um distrito esquecido de São João da Barra, um complexo industrial com duas siderúrgicas, duas fábricas de cimento, uma montadora de automóveis e toda uma cadeia de fornecedores e pequenas indústrias que criarão 50 mil empregos. Se os planos forem concretizados, a explosão demográfica fará com que, em 2025, São João da Barra seja uma cidade industrial de porte médio, com 250 mil habitantes.

O projeto de Eike é cercado de polêmicas. No ano passado, o Ministério Público Federal pediu a suspensão da obra, iniciada em 2007. Uma das principais alegações é de que o porto, por suas dimensões, assemelha-se a um terminal público, o que exigira uma licitação. O procurador da República em Campos, Eduardo Santos chegou a compará-lo ao porto de Santos.

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Eike está empenhado em atrair investimentos justamente para garantir o maior volume possível de carga própria, o que caracteriza a condição de terminal privado de uso misto. A agência reguladora permite que esses terminais movimentem cargas de terceiros, mas em proporção apenas marginal. Para os procuradores, a LLX dribla a legislação e a burocracia.

A prefeitura de São João da Barra e o governo do Estado do Rio, ao contrário, encamparam o projeto. Desapropriaram parte do terreno para o complexo, em contrapartida à reserva ambiental criada no terreno da LLX.

E ainda que cause ceticismo na cidade a capacidade de atração de empreendimentos no montante de US$ 40 bilhões - mais de três vezes o investimento da alemã Thyssenkrupp na siderúrgica CSA, por exemplo, que precisou de emergencial injeção de recursos da Vale para ser concluída - a obra está evoluindo.

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O porto surgiu da necessidade de escoar a produção de minério de ferro do projeto Minas-Rio, parceria da LLX (51%) com a Anglo Ferrous (49%). O minério depositado em um mineroduto em Conceição do Mato Dentro (MG) chegará em quatro dias ao Açu. Na retroárea do porto, o minério poderá ser beneficiado em pelotizadoras antes de ser embarcado. Os navios chegarão carregados do carvão que a MMX, outra empresa do grupo, explora na Colômbia. Como minério e carvão são insumos para siderúrgicas, Eike saiu atrás de investidores do setor.

A primeira a responder ao chamado foi a chinesa Wuhan Iron Steel (Wisco), que vai investir pelo menos US$ 5 bilhões para produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano. A LLX será sócia, com 30% de participação. O presidente da LLX, Otávio Lazcano, disse já estar adiantada a negociação com outro grupo estrangeiro para a segunda usina, com mais 8 milhões de toneladas por ano.

Uma montadora já teria um dos lotes do complexo reservado. Para abastecê-las, Eike reservou um espaço importante para uma termelétrica da sua MPX. Com capacidade inicial de 2,1 mil MW, a usina promete prover energia com tarifa 30% mais baixa.

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Cada uma das siderúrgicas do Açu terá ao lado uma fábrica de cimento, que usará a escória da produção de aço. No momento, Votorantim e Camargo Corrêa analisam da viabilidade econômica e financeira para se instalarem ali. A LLX afirma ter 60 memorandos de entendimento ou negociação com empresas interessadas em se instalar no entorno.

Visitas. A bordo de um helicóptero, Eike tem levado empresários de várias partes do mundo às obras. São pelo menos três visitas por semana. Ao lado do heliponto, um centro de visitantes com paredes de vidro e um sofisticado auditório mostram o que o empresário quer construir no que hoje ainda é um enorme descampado plano, onde muitos operários trabalham com perneiras de couro para evitar picadas de cobras.

A maquete e o vídeo impressionam, mas o grande impacto é provocado pelo passeio numa van sobre a ponte que avança 2,9 quilômetros no mar para acessar os píeres, que terãoprofundidade de até 21 metros para os maiores cargueiros do mundo. Agora, os operários e um enorme guindaste trabalham no píer de rebocadores para, em seguida, começarem a construir os dez berços que poderão movimentar, por ano, 60 milhões de toneladas de minério, 12,6 milhões de toneladas de carvão, 10,2 milhões de toneladas de aço e 46,4 milhões de metros cúbicos de petróleo.

A ponte impressiona não só pelo comprimento, mas pela largura de 26,5 metros, comparável à da Ponte Rio-Niterói. Metade dela será ocupada por duas enormes esteiras, que lançarão o minério diretamente nos navios. Poderão carregar um navio com capacidade para 220 mil toneladas num só dia.

Concentrada em uma pequena área, a obra já emprega 2 mil pessoas. O porto deve funcionar em 2012. Até lá, a LLX espera o fim do processo de desapropriação das áreas para dar início a outros empreendimentos. Se tudo der certo, a cidade industrial de Eike estará a pleno vapor em 2025.

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