MAIS LIDAS
VER TODOS

Economia

FGV prevê que varejo será foco de pressões na inflação

A desaceleração do IGP-10 em setembro confirma que os efeitos da quebra de safra de produtos agrícolas como soja e milho sobre os preços começam a se dissipar. Nos próximos meses, porém, o foco de pressões inflacionárias deve se deslocar para o varejo, qu

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 17.09.2012, 14:12:01 Editado em 27.04.2020, 20:40:18
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

A desaceleração do IGP-10 em setembro confirma que os efeitos da quebra de safra de produtos agrícolas como soja e milho sobre os preços começam a se dissipar. Nos próximos meses, porém, o foco de pressões inflacionárias deve se deslocar para o varejo, que só agora começa a repassar ao consumidor as fortes altas registradas pelo atacado nos meses anteriores. De acordo com o coordenador dos IGPs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, os IGPs atingiram o pico em agosto e a tendência é de desaceleração.


continua após publicidade

Em setembro, as matérias-primas responderam por 90% da desaceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) - que saiu de 2,21% em agosto para 1,40% neste mês. "O efeito da seca americana sobre a soja e o milho se suavizou. O choque está arrefecendo, mas deixando herdeiros", disse Quadros. Em setembro, a soja em grão subiu 5,46%, após um aumento de 15,62% em agosto. No caso do milho, a alta saiu de 22,17% para 5,68%.


Quadros lembra, porém, que o choque de oferta agrícola ainda gera pressões derivadas graças ao aumento de custos para o produtor de carnes, por exemplo. O preço do suíno vivo saltou 21,49% em setembro, contra 11,44% em agosto. Paralelamente, estão em curso algumas altas que não estão ligadas à seca americana e até agora encobertas pelos estragos da soja.


continua após publicidade

É o caso do arroz, cujo preço ao produtor saltou 12,42% por causa da entressafra e estoques baixos. Já o trigo sofreu elevação de 11,8% em setembro por reflexo de uma quebra de safra na Rússia. Segundo Quadros, isso deve justificar elevações que já começam a aparecer no varejo e tendem a se intensificar.


O economista destacou ainda no IPA o recuo dos preços de Bens Intermediários - de 1,11% em agosto para 0,75% em setembro. A desaceleração foi concentrada na queda de preços de combustíveis e lubrificantes para a produção - saindo de 5,01% para 0,85% - em resposta ao fim da pressão vinda dos dois aumentos do óleo diesel no ano.


A disseminação da inflação pelo varejo ficou patente com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10) de setembro, que dobrou a 0,42%, maior alta desde maio. A principal explicação para a disparada veio de Transportes, influenciado pela elevação dos preços dos automóveis novos (0,52%) e menor ritmo de queda dos preços dos usados (-0,40% após queda de -2,48% em agosto). O grupo respondeu por 65% do aumento do IPC.


continua após publicidade

Para Quadros, a evolução desse item daqui para frente é uma incógnita. "Pode ter havido uma alta diante do temor de que a isenção do IPI não fosse prorrogada. Mas a alta pode estar associada à grande demanda. A pergunta é se foi um movimento pontual ou não", diz ele. "É preciso avaliar bem para calibrar a medida (de isenção do IPI, recém-prorrogada até outubro). Se você está tendo alta de preços significa que ela começa também a ter custos para o País."


Se uma nova alta dos preços de automóveis é incerta, a pressão sobre os preços dos alimentos no varejo é dada como gradual, mas inevitável. Dentro do IPC, a alta do item alimentação se manteve praticamente estável (saindo de 1,11% para 1,09%) mas em um patamar considerado alto pela FGV. Para Quadros, haverá novos aumentos dos preços de carne suína, aves e até bovina por tabela.


Quadros prevê que a taxa acumulada de inflação no item Alimentação, que já chega a 8,48% em 12 meses, subirá a 10% em decorrência dos repasses das altas passadas no atacado. Parte disso já apareceu em setembro, com a intensificação de aumentos na carne de porco (3,40%), aves e ovos (2,71%) e óleo de soja (1,93%).


O arroz subiu 4,34% e pães e biscoitos, 1,46%. O que contrabalançou esse quadro foi o preço do tomate, que após extrapolar para 59,56% em agosto desacelerou e subiu apenas 5,67% em setembro. "O tomate pesa 0,40% no IPC e equilibrou as demais altas. Mas esse "efeito tomate" dificilmente vai se repetir", explica Quadros.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Economia

    Deixe seu comentário sobre: "FGV prevê que varejo será foco de pressões na inflação"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!