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Pecuaristas apostam no cruzamento do gado na busca pela melhor raça

A terra plana, de vegetação uniforme, quase sem árvores e o traje típico para conduzir a boiada. Um gado tão peludo que às vezes fica a dúvida: é Brasil? É sim, bem na fronteira com Argentina e Uruguai, no Pampa Gaúcho. Em pleno inverno, no meio d

Da Redação

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Pecuaristas apostam no cruzamento do gado na busca pela melhor raça
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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.03.2012, 14:01:00 Editado em 27.04.2020, 20:43:24
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A terra plana, de vegetação uniforme, quase sem árvores e o traje típico para conduzir a boiada. Um gado tão peludo que às vezes fica a dúvida: é Brasil?

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É sim, bem na fronteira com Argentina e Uruguai, no Pampa Gaúcho. Em pleno inverno, no meio da Campanha, faz um frio de assustar forasteiro. E foi bem nessa época que o Globo Rural visitou duas fazendas na região de Uruguaiana.


As duas investem em cruzamentos entre raças britânicas - famosas pela carne saborosa - e o nelore, raça zebuína rústica, bem adaptada ao nosso clima. Até porque no verão, a temperatura nos Pampas fica em torno de 25ºC.

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A linda fazenda é de uma família pioneira no melhoramento genético na pecuária do Rio Grande do Sul. Os proprietários são Eduardo Macedo Linhares e Maria Helena. Os cinco filhos trabalham no negócio, que também inclui a produção de arroz.
Eduardo já criou diversas raças e hoje fala com entusiasmo do brangus, o resultado do cruzamento entre o indiano nelore e o escocês angus.


Na maioria das vezes, em outros países, o cruzamento se dá com a raça brahman, mas no Brasil desde a década de 80, o angus foi cruzado com o nelore por causa da grande quantidade do zebuíno no país.


A Estância São Pedro tem nove mil hectares e uma produção de mais de três mil bezerros. A partir de um trabalho de aprimoramento genético, produz 350 touros brangus por ano.

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O brangus pode ter pelagem preta ou vermelha. O cruzamento entre raças nelore e angus busca unir a rusticidade e a tolerância ao calor do zebu com a habilidade materna, precocidade sexual e qualidade da carne do angus.

A base da alimentação desses animais é a pastagem nativa. Em determinadas épocas do ano, como no inverno, entram o azevém e algumas leguminosas como o trevo branco e o cornichão, mas como o verão é muito seco, para conseguir chegar a um touro com 700 quilos na época de monta ou um novilho pronto para o abate aos 30 meses, é preciso dar ração.

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A veterinária Angela Linhares da Silva é a filha mais velha de Eduardo e responsável pela seleção genética do plantel. Ela mostra um animal com as características ideais de um brangus. “O animal precisa ser bem equilibrado, comprido e com bastante arqueamento de costela, para andar e aumentar a capacidade respiratória”.


Angela está sempre observando os animais, no campo ou no curral. A avaliação de desempenho dos animais da fazenda é feita em duas etapas. A primeira na época do desmame, quando os bezerros atingem mais ou menos sete meses, e a segunda aos 18 meses, na fase chamada de sobreano. Um dos itens avaliados nessa fase é a quantidade de carrapato de cada animal. “È importante para identificar quais linhagens são mais resistentes à infestação”.

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Para selecionar os animais, a fazenda ainda avalia a qualidade do sêmen, o histórico das vacas e o desempenho dos bezerros e coloca os dados em um programa de melhoramento genético, onde são feitas comparações com outros plantéis.
O sêmen dos touros brangus é utilizado em apenas uma estação de monta, quando eles têm dois anos. Depois, os touros são vendidos em leilões para outros criadores.

O genro de Eduardo, João Paulo Schneider, é o diretor comercial da fazenda. Ele diz que o objetivo da estância não é fazer a venda de sêmen e sim de tourinhos brangus.


Em outra propriedade, que também produz touros com o objetivo de comercialização no Brasil Central, a Fazenda Pitangueira, o hereford é usado como raça-mãe, um animal forte, de porte médio, cara bem peluda, totalmente branca, e orelha pequena. O hereford é uma raça de origem inglesa criado no Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Estados Unidos, Argentina e Uruguai.


No Brasil, o hereford é cruzado com o nelore, assim, chega-se ao braford. Uma das vantagens do braford é a precocidade sexual. Aos dois anos, as novilhas já estão prontas para reprodução e começam a ser inseminadas. Em um lote de vacas recém-paridas, os terneiros, como os gaúchos chamam os bezerrinhos, têm de dois a três dias e é nesse momento, no campo mesmo, que começa a seleção genética do plantel.


Cada bezerro é pesado, recebe um brinco com um número de identificação e uma tatuagem, para o caso dele perder o brinco algum dia. Aos dois anos, os animais estão prontos para o abate. Se fossem nelores, isso só aconteceria aos três anos.
Na fazenda, eles são criados a pasto, comendo principalmente azevém e aveia e recebem um suplemento na terminação.
Na comparação entre os touros, hereford e braford, o hereford tem um pelo mais grosso. O braford tem a cara branca, mas é obrigatório ter manchas marrons em volta dos olhos, tipo óculos ou máscara, ou pelo menos a pálpebra pigmentada. Do nelore, ele puxa uma barbela mais comprida que o hereford, as orelhas e o cupim. Mas do hereford ele tem que herdar um umbigo menor.

Mas será que esse animal com jeitão de lord inglês consegue mesmo se adaptar na região brasileira com o nosso maior rebanho, o Centro-Oeste?

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