Reunidos em Paris para discutir a turbulência econômica na Europa, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, pediram uma maior coordenação econômica da zona do euro.
Para isso, os líderes das duas maiores economias do bloco defenderam medidas para afinar as políticas monetárias e fiscais do bloco, como encontros semestrais dos 17 chefes de governo dos países membros.
Uma das fragilidades apontadas do euro é que a política monetária da moeda é feita pelo Banco Central Europeu, enquanto a política fiscal fica a cargo dos governos. O descontrole nos gastos e o alto endividamento é justamente a raiz da atual crise.
Merkel e Sarkozy também defenderam a taxação das transações financeiras como forma de arrecadar receita para o bloco.
A chanceler ressaltou, no entanto, que essas medidas que levariam a uma “governança econômica real” da moeda devem ser feita “passo a passo”. Todas as propostas serão apresentadas para os outros países do bloco para serem aprovadas.
Decepção
As declarações de Merkel e Sarkozy foram recebidas com decepção no mercado financeiro, que opera em baixa na tarde desta terça-feira. Os investidores esperavam o anúncio de medidas efetivas para deter o contágio da crise da dívida soberana na zona do euro, como a emissão dos chamados eurobonds, títulos da dívida emitidos pela União Europeia.
A ideia, defendida pelo ministro da Finança da Itália, Giulio Tremonti, bem como por investidores como George Soros, é vista como uma das saídas para a atual crise, mas sofre resistência por parte da Alemanha, a mais vigorosa economia do bloco, a quem recaíria o maior ônus no caso de emissão.
Alemanha é apontada como o "motor" da zona do euro, por isso baixo crescimento decepciona
Merkel sinalizou que a ideia não será discutida até que haja um ajuste na política fiscal dos países da zona do euro, vários deles altamente endividados.
Grécia, Portugal e Irlanda já receberam ajuda do FMI e da União Europeia, enquanto cresce o temor em relação à Itália e à Espanha. Na última semana, rumores sobre um eventual rebaixamento da nota da dívida da França causaram turbulência nas bolsas europeias.
Pressão
Merkel e Sarkozy, junto do Banco Central Europeu, vêm pressionando os países periféricos da zona do euro a fazer um rápido e efetivo ajuste nas contas públicas. A Itália já anunciou a antecipação de suas metas de ajuste.
O mercado também reagiu com decepção ao resultado modesto do PIB alemão no segundo trimestre deste ano, cuja expansão foi de apenas 0,1%, abaixo do esperado. A Alemanha vinha, até então, puxando a recuperação econômica da Europa.
Em um artigo publicado na edição desta terça-feira do diário financeiro Financial Times, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse que os governos devem equilibrar cortes de gastos com medidas de curto prazo para garantir o crescimento e evitar uma nova recessão.
No entanto, a chefe do FMI afirmou que "pisar no freio muito rapidamente" pode prejudicar a recuperação e piorar as perspectivas em termos de geração de empregos. Para Lagarde, o estímulo ao crescimento em curto prazo é vital.
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