O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou nesta terça-feira (2) o acordo bipartidário que permite a elevação do teto de dívida do país e que foi aprovado horas antes pelo Senado americano por 74 votos a favor e 26 contra.
A sanção presidencial – que faz com que a medida passe a valer – põe fim à crise da dívida que ameaçava os EUA com o risco de calote por meio de um plano que garante a redução do déficit em R$ 3,3 trilhões (US$ 2,1 trilhões) na próxima década.
- É um primeiro passo importante para que, como nação, vivamos de acordo com nossos meios.
Obama assinou a medida no dia em que terminaria o prazo estipulado pelo Departamento do Tesouro americano para que os EUA atingissem o teto da dívida pública e, portanto, a partir de então o país ficaria sem verbas para honrar suas obrigações financeiras.
O acordo, referendado tanto pelos democratas quanto pela oposição republicana, prevê um corte de gastos na ordem de US$ 2,4 trilhões (R$ 3,7 trilhões). Para melhorar o orçamento do país, o governo terá de cortar gastos enquanto aumenta a arrecadação. O grande embate era em que o governo passaria a economizar.
Os democratas queriam impostos maiores aos ricos, ao mesmo tempo em que protegeriam programas sociais de saúde e educação, por exemplo. Os republicanos pediam cortes em todas as áreas, inclusive nas sociais – o que faria Obama mais impopular. Um novo projeto deve ocorrer no ano que vem.
Calote global
Os países que têm grana para receber dos Estados Unidos também sofreriam um calote - o Brasil se inclui nesse grupo.
Por aqui, uma nova crise criada por esse default bateria em duas frentes: nas contas do governo brasileiro e nas vendas de produtos para outros países. Se o limite da dívida não fosse alterado, haveria um calote e os títulos perderiam sua liquidez, isto é, não poderiam ser trocados por dinheiro vivo caso os donos desses papéis precisassem.
E isso afeta diretamente a confiança dos mercados, segundo o economista Evaldo Alves, professor de economia internacional da FGV (Fundação Getulio Vargas).
- Todo esse esforço é para eles não submergirem. O importante para o Brasil é o seguinte: temos uma ligação com os EUA porque exportamos para eles. Somos o nono parceiro dos EUA, com exportações de US$ 78 bi em matérias-primas. Se economia naufraga, cairíamos também, porque o Brasil tem sua economia externa baseada na venda de commodities [matérias-primas básicas].
Dos US$ 14,3 trilhões, US$ 4,6 trilhões estão nas mãos do próprio governo, emprestados de fundos de pensão (seguridade social e aposentadoria). Os US$ 9,7 trilhões restantes são títulos do Tesouro nas mãos de empresas, bancos e governos estrangeiros ou não.
A China é dona de US$ 1,16 trilhão dessa dívida. Em seguida vêm Japão, Reino Unido e gigantes exportadores de petróleo (alguns membros da Opep). O Brasil é o quinto maior dono desses títulos, com US$ 211,4 bilhões.
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