Depois da paralisação de metroviários e ferroviários na terça-feira, 28, motoristas e cobradores de ônibus da cidade de São Paulo vão paralisar as atividades nesta sexta-feira, 1º. A razão é uma disputa pela presidência do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores dos Ônibus de São Paulo (SindMotoristas). A paralisação é um protesto contra o cancelamento do resultado das eleições da entidade pela Justiça do Trabalho. Não houve uma assembleia formal para definir a greve, que foi convocada pelo candidato Edvaldo Santiago, vencedor das eleições pela chapa 4. Funcionários ouvidos pelo Estadão estimam que cerca de 80% a 90% dos motoristas e cobradores vão cruzar os braços a partir das 0h desta sexta-feira. Ao longo do processo eleitoral, três das quatro chapas candidatas pediram o adiamento da votação para o uso de urnas eletrônicas. Mas a chapa 4 afirma que o estatuto prevê que as eleições sejam realizadas com cédulas impressas. Essa corrente foi vencedora nas últimas eleições do dia 21. A Justiça do Trabalho anulou a assembleia que pedia o adiamento da votação e manteve a eleição. A chapa 4, que assumiria a direção amanhã, afirma ter entrado com recurso. Os sindicalistas afirma que a Justiça chegou a marcar duas audiências, mas elas foram canceladas por questionamentos de outros grupos. Segunda a chapa 4, a decisão fere o estatuto do sindicato. A possibilidade de greve é um protesto contra o cancelamento do resultado. Por outro lado, as outras chapas afirmam que esse chamamento não representa toda a categoria dos motoristas de ônibus. "O Sindimotoristas, através do seu presidente, cujo mandato foi prorrogado (...) informa a população em geral e as autoridades competentes que não convocou a realização de greve / protesto. A paralisação está sendo convocada pela extinta comissão eleitoral e pelo encabeçador da Chapa 4, que concorreu na eleição do sindicato, eleição esta que teve seus efeitos suspenso pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região", diz nota da entidade. "Essas pessoas buscam coagir o Poder Judiciário para validarem de qualquer maneira uma eleição viciada e fraudulenta". A Chapa 4, responsável pelo anúncio da greve, afirma que a "autonomia sindical deve ser respeitada". O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) informa que desconhece motivos para paralisação de motoristas dos ônibus urbanos. "E, se o motivo é briga interna sindical e questões judiciais, o que a população usuária e as empresas têm a ver com esses problemas, para serem prejudicadas, tanto na operação como na mobilidade?", questiona, em nota.
A eleição do sindicato dos motoristas já havia trazido transtornos para a cidade. No dia 21 de novembro, trabalhadores fecharam nove terminais de ônibus na véspera do encerramento da votação, sem qualquer aviso prévio. Longas filas de ônibus se formaram no corredor na avenida Santo Amaro, uma das vias mais importantes para a mobilidade na zona sul de São Paulo. Ao menos 530 mil passageiros e 368 linhas de ônibus foram afetados. Já no dia 28 de novembro, terça-feira, a cidade de São Paulo sofreu os transtornos causados pela paralisação dos metroviários e ferroviários, além de trabalhadores da saúde e educação, em protesto contra os planos de privatização do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). A greve, chamada pelo governador de "deboche" e movimento "político", afetou praticamente todas as linhas de transporte sobre trilhos. A paralisação durou 24 horas.
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