SP tem metade da população com abastecimento de água em risco
Receba notícias no seu Whatsapp Participe dos grupos do TNOnline
Metade da população do Estado de São Paulo já sofre restrição no abastecimento de água devido à crise hídrica atual. O desabastecimento parcial atinge os 39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo, incluindo a capital, (22,9 milhões de pessoas) e ao menos 7 cidades do interior (1,2 milhão de habitantes). As chuvas voltaram, mas se mantêm abaixo da média histórica, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
A Sabesp opera 37 dos 39 municípios da Grande São Paulo. São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes têm autarquias municipais que são responsáveis pela distribuição de água aos moradores, mas ambas compram água da Sabesp no atacado. Toda água para abastecimento é proveniente dos reservatórios do Sistema Integrado Metropolitano (SIM), que está com 26,6% do volume útil nesta terça-feira, 25.
O conjunto de reservatórios do Sistema Cantareira, que responde por 41% do abastecimento, está com 21,6% do volume útil. O monitoramento diário realizado pela Sabesp mostra que, apesar das chuvas recentes, os mananciais oscilam para baixo. As chuvas nas regiões de formação dos reservatórios, este ano, estão de 40% a 50% abaixo das médias históricas.
No dia 23 de setembro deste ano, quando a SP-Águas reconheceu a situação de escassez de água na RMSP, evidenciando o desequilíbrio entre oferta e demanda de recursos hídricos, o Cantareira estava com 31% do volume útil. O pior nível desde a crise hídrica histórica de 2014/15 levou a agência a autorizar medidas de contingência, como ampliar a redução na pressão da água no período noturno (das 19h às 5 da manhã).
No domingo, 23, alegando a redução no volume de água fornecido pela Sabesp, via Sistema Cantareira, a prefeitura de São Caetano do Sul reconheceu que a cidade vive na prática o racionamento de água. A Sabesp diz que a redução na pressão da água, adotada desde 27 de agosto, atinge toda a Região Metropolitana e já levou a uma economia de 41 bilhões de litros dos mananciais. Para a empresa, essa redução na pressão é adotada internacionalmente e não se trata de racionamento.
Conforme a companhia, a medida está sendo aplicada no período noturno, quando o consumo de água é menor. "A ação é preventiva e temporária e atende a uma deliberação da Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo), com o objetivo de preservar os reservatórios que abastecem a região", diz.
No interior também falta água
Em Bauru, as chuvas recentes alagaram a cidade e melhoraram o nível do Rio Batalha, onde é feita a captação para abastecer a cidade. Mesmo assim, o racionamento continua: os bairros da cidade foram divididos em três grupos que recebem água em períodos alternados. Alguns bairros chegam a ficar até 72 horas sem abastecimento.
A prefeitura de Americana decretou emergência hídrica devido à inconstância no abastecimento. Segundo a prefeitura, a estiagem prolongada e a baixa qualidade da água captada no Rio Piracicaba reduziram a oferta da água a ser distribuída à cidade, mas não há racionamento.
Em Salto, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto fecha periodicamente os 11 reservatórios que atendem a cidade para recuperação dos níveis, afetados pela estiagem. A autarquia realiza manobras na rede para manter os bairros abastecidos pelo maior tempo possível. Os moradores convivem com o racionamento desde setembro.
A turbidez excessiva das águas do Rio Corumbataí afetam o abastecimento de Rio Claro até esta terça-feira, 25. Devido às chuvas, o rio ficou com excesso de matéria orgânica. A Estação de Tratamento 2 operava com capacidade parcial.
Bairros de Birigui também enfrentam restrições no abastecimento. Em Valinhos, os mananciais se recuperaram, mas reparos em redes e bombas têm causado suspensões periódicas no abastecimento. Em Tambaú, a crise no abastecimento levou a prefeitura a disponibilizar caminhões pipa para atender a população.
O mapa que compõe o protocolo de escassez hídrica da SP-Águas, apontando os estágios de disponibilidade hídrica em todas regiões do estado, não tem nenhuma em situação normal, com boa disponibilidade de água. A maioria está em estado de alerta, sendo que 18 regiões estão em situação crítica.
As regiões do Alto Piracicaba, onde fica o Cantareira, e das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), assim como a região da capital, já foram declaradas em nível crítico de escassez hídrica.
Quatro regiões distribuídas pelo estado estão em emergência declarada por escassez hídrica: duas estão na região central, próximo a Lençóis Paulista, outra no Vale do Paraíba, região de Cruzeiro, e a quarta no litoral sul, entre Iguape e Cananéia.
Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chuvas que atingiram o extremo sul e sudoeste de São Paulo este mês vieram na forma de temporais, sem grande impacto nos reservatórios. Em novembro, no estado, os volumes de chuva estão abaixo da média.
O boletim meteorológico do Consórcio PCJ, com dados de outubro de 2025, aponta que as chuvas ficaram 3,4% abaixo da média histórica, totalizando 103,0 mm em comparação aos 106,6 mm esperados para o período. Apesar da proximidade com a média histórica, outubro foi o nono mês consecutivo com índices pluviométricos inferiores ao esperado. As vazões médias dos rios também permaneceram abaixo da média histórica, mantendo a tendência observada ao longo de todo o ano.
As previsões climáticas para o trimestre novembro-dezembro-janeiro indicam que as chances de ocorrência do fenômeno La Niña chegam a 60%, superando as condições de neutralidade. A predominância da tendência de La Niña durante o período úmido tende a reduzir a incidência de chuvas.
"O Consórcio PCJ reforça a importância do monitoramento contínuo das condições hidrológicas e climáticas, além da adoção de medidas que ampliem a capacidade de armazenamento e o uso racional da água", diz o boletim.
Últimas em Cotidiano
Mais lidas no TNOnline
Últimas do TNOnline