O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) exonerou o secretário do Verde e do Meio Ambiente, Antonio Fernando Pinheiro Pedro, na noite desta quinta-feira, 13, depois da repercussão da declaração, feita pelo chefe da pasta, de que "o planeta se salva sozinho". Em nota, Pedro afirma ter sido vítima de "difamação", que "os loteadores ilegais, o crime organizado, os lacradores, os levianos, foram o alvo de nossa gestão" e que é "batuta" do prefeito.
"Sou leal e não permitirei que esse lixo difamatório atinja o gabinete do prefeito. Por isso peço minha demissão", justificou o secretário. Tamires Carla de Oliveira, atual chefe de gabinete da pasta, assumirá interinamente a cadeira. A Prefeitura disse, por meio de nota, que Nunes esteve reunido com Pedro na tarde desta quinta e que a exoneração foi a pedido do secretário.
Ao anunciar sua saída do cargo, o secretário sustentou que não tentou desmerecer a influência dos seres humanos nos efeitos climáticos do planeta. "O fato de declarar que o planeta Terra passa por ciclos há quatro bilhões de anos e, por óbvio, sempre se 'salvou' sozinho, em nada se confunde com os esforços da humanidade para sobreviver e manter condições de clima e interação ecossistêmica", disse em nota.
A declaração de que "o planeta se salva sozinho" foi feita pelo secretário no começo de junho, durante o lançamento do Fórum Permanente de Mudanças Climáticas e Desastres Ambientais na sede paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "O planeta não será salvo por nós. Ninguém salva o planeta Terra. Geralmente, ele se salva sozinho. Ele o faz a quatro bilhões e trezentos milhões de anos, e muda o clima em todo esse período. Quando o planeta se salva, ele geralmente se livra do que está na superfície dele. Já o fez várias vezes", disse Pedro no evento.
Na ocasião, ele foi rebatido pela procuradora federal Georgia Sena Martins, doutora em Geociências pela Unicamp, que o chamou de "negacionista". "Desculpa, mas o senhor está negando toda a existência deste fórum, toda a ciência, todos os relatórios do IPCC, todos os estudos feitos até hoje. O senhor é um negacionista", disse a procuradora.
"Não somos Deus, não determos poder sobre processos físicos que transcendem nossa capacidade. Essa constatação é de humildade e de alerta - jamais foi uma negação do protagonismo humano nas alterações sofridas na atmosfera do planeta, desde a revolução industrial", justificou o secretário na nota divulgada na noite desta quinta.
Sua exoneração será oficializada no Diário Oficial da cidade desta sexta-feira, 14.
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