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Sítio Mirim, uma das casas mais antigas de SP, será reconstruída

Décadas de arruinamento deixaram praticamente irreconhecível uma das casas mais antigas ainda existentes na cidade de São Paulo: o Sítio Mirim, cujos registros mais antigos remetem a 1750. Não há mais telhado, portas ou janelas. O que restou das paredes s

Priscila Mengue (via Agência Estado)

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Escrito por Priscila Mengue (via Agência Estado)
Publicado em 10.07.2022, 08:07:00 Editado em 10.07.2022, 08:10:33
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Décadas de arruinamento deixaram praticamente irreconhecível uma das casas mais antigas ainda existentes na cidade de São Paulo: o Sítio Mirim, cujos registros mais antigos remetem a 1750. Não há mais telhado, portas ou janelas. O que restou das paredes será a base para uma reconstrução quase completa, determinada pela Justiça após quase 10 anos de disputa com a Prefeitura e objetivo de uma licitação que terá resultado divulgado ainda neste mês.

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Originalmente rural, a residência fica em uma praça na Avenida Doutor Assis Ribeiro, na Vila Jacuí, na zona leste, e é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1965. O projeto também prevê a transformação do local em um centro cultural, com oficinas, exposições e outras atividades de pequeno porte, com espaço interno de 199 m². A previsão é que a obra comece neste semestre e dure 20 meses. O custo é estimado em R$ 3,5 milhões, com recursos municipais - a licitação selecionará a proposta de menor valor.

Durante os quatro primeiros meses, haverá acompanhamento arqueológico, pois mais de 200 artefatos foram encontrados em prospecção parcial de equipe do Museu do Ipiranga no terreno, em 1982.

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A reconstrução utilizará principalmente o chamado "solo cimento", produzido a partir da mistura de saibro umedecido e cimento e esmagado em formas de madeirite. Segundo o projeto, do escritório Restarq Arquitetura (contratado pelo Município), o material foi escolhido pelas características semelhantes às originais da residência, feita em "taipa de pilão" (terra socada em formas de madeira), comum no início da colonização paulista, chamado de período "bandeirista" ou "sertanista".

Do lado externo, o Sítio Mirim receberá uma pintura a cal, resgatando a tradicional cor branca de edificações bandeiristas (como a Casa do Grito e o Pátio do Colégio). Na área interna, as partes originais de taipa de pilão não serão revestidas nem pintadas, a fim de mostrar a técnica construtiva e também lembrar o passado de arruinamento da casa. Porém haverá a aplicação de produtos para conservação.

Já as telhas serão de cerâmica, como as originais, mas "grampeadas" com arame, pela identificação de que o local é "extremamente exposto aos ventos". Por sua vez, o piso será de concreto polido e colorido em marrom claro, para remeter ao chão batido original.

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As novas sete portas e 10 janelas serão semelhantes às identificadas em documentação e fotos antigas, assim como será reconstruída a varanda que envolvia grande parte da construção. Haverá implantação de estrutura de elétrica, hidráulica e segurança contra incêndios, além de acessibilidade. No caso da madeira, por exemplo, em vez da canela preta, não mais comerciável, são sugeridas cedro, ipê, jatobá e outras equivalentes.

Para o pátio, o projeto prevê a implantação de um caminho de pedras irregulares e gramado. O paisagismo terá o objetivo de reduzir o impacto da urbanização do entorno na paisagem, porém permitindo que a casa seja avistada desde a avenida. Para isso, foram indicadas espécies nativas arbustivas e de árvores de pequeno porte, incluindo frutíferas.

Tombamento

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O Sítio Mirim foi tombado em 1965, por sugestão do arquiteto Luís Saia, um dos nomes mais importantes da história do Iphan. Na justificativa, ele dizia que a casa era a de estilo mais autêntico entre as do bandeirismo paulista e que as características da planta apontavam "interferências individualistas", em vez de serem meras reproduções do que predominava na época.

"O empenho (de preservação) maior deve incidir sobre este exemplar único, diferente, ilustrativo e, portanto, valioso. Sua perda seria irreparável", justificou em documento da época. Entre os aspectos que assinalava, estava a informação de que a fachada principal ficava voltada ao Rio Tietê, demonstrando que o terreno era maior que o atual.

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A documentação encontrada indica que a residência existe ao menos desde 1750, quando pertencia ao guarda-mor Francisco de Godoy Preto, porém especialistas apontaram que provavelmente seja mais antiga. Segundo levantamento do escritório Restarq, foi habitada ao menos até 1945, já em "mau estado de conservação".

A casa passou por processo de restauro pelo Iphan em 1966. Cerca de cinco anos depois, nos anos 1970, passou a ser alvo de saques, com a retirada das janelas e outros componentes, o que acelerou a deterioração em conjunto com a exposição às intempéries, a trepidação pela circulação de trens e a falta de manutenção.

A Prefeitura não informou detalhes sobre o funcionamento da casa após a reconstrução e se será incorporada à rede Museu da Cidade, que inclui outros espaços culturais em antigas residências. "O Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), da Secretaria Municipal de Cultura, informa que no momento o foco das ações está voltado para a licitação e o projeto de restauração das remanescentes históricas existentes", diz nota.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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