Com a promessa de resultados rápidos e expressivos na perda de peso, o Ozempic se tornou uma febre entre pacientes que buscam emagrecimento. O medicamento, indicado para pacientes diabéticos com quadro de obesidade, é apresentado no formato de uma caneta injetável, que custa de R$ 900,00 a R$ 1.170, 00 e pode durar até 6 aplicações.
O uso para obesidade simples é chamado off label, ou seja, sem indicação comprovada, e é condenado por endocrinologistas que se preocupam com os efeitos que podem ser causados pela automedicação.
Em Apucarana, a procura pelo medicamento nas farmácias já é grande, como afirma a farmacêutica Rosana Cristina de Souza Guarnieri.
“Tem bastante procura tanto com receituário médico quanto para informações sobre a medicação. Precisamos sempre orientar as pessoas que essa classe de medicamentos precisa da orientação de um profissional médico para prescrever, pois é um medicamento para patologia Diabetes Mellitus tipo II e o uso indiscriminado para o emagrecimento pode causar sérios problemas a saúde, então para compra precisa da receita médica”, explicou.
Para quem já conseguiu comprar o medicamento, os relatos dos resultados impressionam. A comerciante de Arapongas Jéssica Molina iniciou o tratamento com Ozempic nesta semana. De acordo com ela, tudo acompanhado por um médico especialista e com receituário. Jéssica conta que foi motivada pelos exemplos da tia e da mãe, que conseguiram perder bastante peso com o medicamento.
- LEIA MAIS: Jovem gasta R$ 9 mil após tomar zolpidem; relembre
“Minha tia ficou sabendo desse remédio através de amigas, pesquisou na internet, viu que não tinha nenhuma contraindicação grave e que os prováveis efeitos eram tranquilos. Foi na farmácia e lá também recebeu orientações. Começou o uso da Ozempic e na primeira semana ela se sentiu bem fraca, com as pernas moles, pois esse remédio simplesmente tira 100% a fome, e ela não foi muito consciente e ficava sem comer mesmo. Mas enfim, nas duas primeiras semanas ela perdeu 8 quilos”, conta a comerciante.
Jéssica garante que o uso do medicamento melhorou também a qualidade de vida da mãe, que chegou a perder 12 quilos com o tratamento.
“Minha mãe sofrendo de uma ansiedade imensa, com 104 quilos, não conseguia agachar e levantar sem ajuda, sentia falta de ar. Ela fez alguns exames clínicos e constatou que estava com pré-diabetes e colesterol, então, começou a tratar esses problemas, e com orientação do endocrinologista, ela iniciou as aplicações de 1 mg da Ozempic. Em um mês ela perdeu 12 quilos, já adquiriu outra qualidade de vida”, revela.
Especialista contesta resultados
Para o médico endocrinologista José Cervantes, o uso indiscriminado do medicamento pode não garantir os resultados desejados, já que ele é indicado exclusivamente para pacientes diabéticos obesos.
“Ele (Ozempic) está sendo usado exageradamente, de forma abusiva, e como todo medicamento caro, é de fácil acesso nas farmácias, porque o lucro que a empresa farmacêutica tem é muito grande. A maioria das pessoas que chegam no consultório, se queixam de ter gasto pelo menos dois mil reais com Ozempic e não terem alcançado resultado, isso porque, a minoria que tem resultado é aquela que realmente tem indicação, como uma pessoa pré-diabética, que já tenha um mecanismo fisiopatológico instalado no organismo”, explica o médico.
Como o Ozempic funciona
De acordo com Cervantes, o Ozempic é um medicamento da família GLP1, semelhante ao hormônio gastrointestinal que tem ação de saciedade estomacal e cerebral, diretamente no hipotálamo. Ele também regula a secreção de insulina e ajuda a contrabalancear outro hormônio chamado glucagon, que são hormônios responsáveis pela questão metabólica da glicemia, não deixando ela nem cair demais, nem subir demais.
A descoberta do análogo GLP1 foi através da cirurgia bariátrica em pacientes diabéticos, cuja substância explicava muito a cura provisória que ocorria do diabetes e também o estado de emagrecimento grande e severo, mostrando que o GLP1 tem uma ação realmente de saciedade e que controla o diabetes.
Quem pode usar
Segundo o endocrinologista, é uma medicação para ser utilizada em diabéticos obesos, porém, observando-se o emagrecimento que ele trazia, extrapolou-se para o uso em obesidade simples. Esse uso é chamado off label, ou seja, é um uso a parte (não aprovado). O único derivado de GLP1 liberado para uso em obesidade simples é o Saxenda. No caso destes medicamentos, não há opção de genéricos.
- LEIA MAIS: Relembre:
Efeitos colaterais
De acordo com a bula do medicamento, os efeitos colaterais do Ozempic são:
Comuns:
Sensação de enjoo; diarreia; vômito; baixa glicemia; indigestão; gastrite; refluxo ou azia; dor ou inchaço no abdômen; constipação; arrotos; cálculo biliar; tontura; cansaço; perda do apetite; gases; aumento de enzimas pancreáticas; e perda de peso. (Pode ocorrer em mais de 1 até 10 pessoas).
Incomuns:
Alteração no gosto de alimentos; pulso rápido; reações no local da injeção. (Pode afetar até 1 em 100 pessoas).
Graves:
Complicação da doença do olho diabético (retinopatia) - você deve informar ao médico se tiver problemas oculares, como alteração na visão, durante o uso de Ozempic. (Pode afetar até 1 em 10 pessoas).
Grave rara:
Problemas respiratórios, inchaço do rosto e garganta e batimentos cardíacos rápidos. (Pode afetar até 1 em 1.000 pessoas).
Por Aline Andrade.
Deixe seu comentário sobre: "Saiba tudo sobre o Ozempic, a nova febre do emagrecimento rápido"