A dificuldade para gerar filhos é um problema mais comum do que parece: de acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 15% da população mundial é afetada por algum tipo de infertilidade. No Brasil, de acordo com a Sociedad e Brasileira de Reprodução Assistida, a estimativa é que cerca de 8 milhões de indivíduos sejam inférteis. Felizmente, para as pessoas nessas condições que desejam ter filhos, já há diversas técnicas de reprodução assistida disponíveis, que tornam mais viável e segura uma gestação.
Muitos casais, no entanto, podem ter dúvidas em relação ao momento certo para procurar um tratamento de fertilidade. Para esclarecer o assunto, conversamos com o especialista em reprodução assistida Dr. Alessandro Schuffner, CEO da Clínica Conceber em Curitiba (PR). Ele explica que é preciso procurar ajuda médica se as tentativas de engravidar não tiverem sucesso após um ano. No caso de mulheres com mais de 35 anos, esse prazo pode ser reduzido para seis meses.
Dr. Alessandro afirma que o primeiro desafio em um processo de reprodução assistida é investigar a saúde do casal para diagnosticar o motivo da infertilidade, o que possibilita determinar o método de tratamento. De acordo com ele, em 10% dos casos não é possível encontrar as causas da dificuldade para engravidar. Nos demais, são identificadas disfunções que podem afetar tanto o homem quanto a mulher.
Entre as mulheres, os principais problemas são as disfunções ovulatórias em pacientes com ovários policísticos, alterações nas trompas e endometriose. Nos homens, as causas mais comuns de infertilidade são a varicocele (um problema nas veias dos testículos) e a queda de quantidade e qualidade dos espermatozoides. “Pedimos também um estudo cromossômico do casal”, explica o médico. “Num primeiro momento, fazemos todos os exames para diagnosticar exatamente as alterações. Aí, vamos para a segunda etapa, que é o tratamento propriamente dito”.
Os principais métodos de tratamento, de acordo com o especialista Dr. Alessandro Schuffner, são a relação sexual programada, a inseminação artificial e a fertilização in vitro. Em comum, todas essas técnicas utilizam medicamentos (comprimidos ou injeções) para estimular a ovulação e exames como ultrassom para monitorar o processo, permitindo definir a data ideal para a fecundação.
No método da relação sexual programada, a fecundação ocorre de forma totalmente natural, mas o casal se beneficia dos resultados dos exames para definir a melhor data e maximizar as chances de gravidez. Já na chamada inseminação artificial, o espermatozóide é introduzido no fundo do útero quando chega a data ideal. Na terceira técnica, a da fertilização in vitro, o óvulo recém-liberado é aspirado para fora do corpo da mulher e a fecundação com um espermatozoide é feita em laboratório. Depois, o embrião é colocado de volta no útero.
Dr. Alessandro Schuffner também explica que apenas em casos raros a reprodução assistida é contraindicada. Ela não deve ser feita, por exemplo, em pessoas que não podem receber anestesia, como pacientes com alterações cardíacas graves. Os procedimentos também podem ser contraindicados para mulheres com alguns tipos de câncer. O médico lembra, no entanto, que as pacientes oncológicas podem retirar e congelar óvulos para tentar uma gravidez após a cura da doença.
Vale lembrar que, muitas vezes, os custos da reprodução assistida podem ser altos em clínicas privadas. Atualmente, alguns hospitais da rede pública oferecem recursos para quem tem dificuldade para ter filhos. Esse tipo de serviço, no entanto, ainda não está disponível em boa parte do país. Dr. Alessandro também pontua que, infelizmente, os procedimentos não são cobertos por planos de saúde. Ele destaca, contudo, que sua clínica, a Conceber, em Curitiba, tem um projeto social para ajudar casais que precisam do tratamento mas não têm condições financeiras. Nele, parte do custo é subsidiada pela própria clínica. “Algumas pacientes conseguiram ter um bom benefício ou um tratamento gratuito para consolidar esse sonho”, conta.
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